A Viacom Network Brasil, divisão da Viacom Internacional, proprietária do Nickelodeon, anunciou as novidades do canal para este ano. Nesta Entrevista, Angela Cortez, diretora de licenciamento da empresa, contou que a companhia deve focar seus esforços em duas marcas. Para as meninas, a série “Winx” e, para os meninos, “Tartarugas Ninja”. Os produtos licenciados já começam a ser vendidos este ano. A executiva contou que a estratégia do canal é atrair um público na idade pré-escolar, até três anos. Por isso, deve manter sua atenção em “Dora, a aventureira”.
Quando a Nickelodeon iniciou suas operações no Brasil?
O canal, que pertence à Viacom Network Brasil, uma divisão da Viacom Internacional, chegou ao Brasil em 1997, só depois disso, os demais canais da empresa como VH1, por exemplo, foram lançados. A Viacom é uma produtora de conteúdos para canais de televisão por assinatura, internet, com sites de sucesso como Neopets, Mundonick, entre outros, além do mercado de cinema e homevideo, com a Paramount Pictures.
Com tantas marcas, como a empresa trabalha os licenciamentos?
Na verdade, até o ano passado, operávamos com um agente de licenciamento, que cuidava do negócio. Mas, desde o ano passado, resolvemos ‘internalizar’ a área e cuidar das nossas próprias marcas e vem dando resultado.
Qual o motivo da mudança?
O que aconteceu foi que a companhia resolveu olhar para seu conteúdo de forma 3600. Por isso, não fazia sentido ter seu conteúdo licenciado por outra empresa. Além disso, o objetivo da Viacom é construir marcas fortes e, para isso, era necessário trabalhar a essência dos nossos produtos com o target correto. Optamos por trabalhar todas as plataformas de forma coesa e consistente.
Quais são as principais novidades da empresa já com esse novo modelo de negócio?
As duas principais novidades são as séries “Winx” e “Tartarugas Ninja”. A primeria tem como foco as meninas e está sendo exibida pelo SBT e, desde outubro, no Nickelodeon. A animação narra as aventuras mágicas de seis amigas fadas muito estilosas e com superpoderes. O desenho é um fenômeno internacional em vendas de produtos de consumo e vem conquistando as meninas no Brasil. A segunda, voltada para os meninos, deve ser lançada em novembro no nosso canal e estamos em negociação com TVs abertas para que o desenho seja exibido. Ainda não podemos revelar, mas são vários canais interessados.
Em termos de negócio, o que significam esses lançamentos?
Na verdade, precisávamos ter uma marca forte para meninas e outra para meninos. Esses dois lançamentos são uma excelente oportunidade para crescer, inclusive no que se refere a licenciamento, já que o mercado está bastante aberto para novidades.
Já está definido o que será lançado apoiado nessas duas marcas?
Temos alguns parceiros estratégicos para “Tartarugas Ninja”. A Long Jump vai trazer toda a coleção dos bonecos para o ano que vem. Para 2012, a Panini vai lançar histórias em quadrinhos para resgatar os fãs do desenho, assim como as roupas na Riachuelo, voltadas para os adultos, também tem esse objetivo. No caso de “Winx”, vamos lançar as bonecas já na metade deste ano. A Cotiplás é a empresa licenciada responsável pela distribuição e comercialização dos produtos. A previsão é de que as novidades cheguem ao mercado para o Dia das Crianças, tanto para os consumidores que buscam bonecas básicas, até para os que desejam bonecas mais sofisticadas com mecanismos. Toda a linha de brinquedos terá os mesmos atributos do desenho: moda, magia, estilo e transformação.
Como é possível avaliar o mercado de licenciamento? Tem alguma pesquisa que aponte quem consome mais os produtos, os meninos ou as meninas?
Temos uma associação, a Abral (Associação Brasileira de Licenciamentos), mas não temos muitos dados sobre esse mercado. Ainda precisa ser melhor estudado, mas há uma grande tendência para que isso aconteça. Enquanto isso não acontece, o que podemos dizer é que os lançamentos vão de acordo com o perfil e o comportamento das crianças, que são conhecidos pelo mercado, de uma forma geral. Por exemplo, de zero a três anos, as crianças consomem muito conteúdo. Essa faixa etária tem se tornado cada vez mais importante para o segmento.
E quem consome mais os produtos, os meninos ou as meninas?
Em termos de faturamento, não existe muita diferença. Mas podemos dizer que a concorrência é muito maior no que se refere a produtos voltados para as meninas. Para os meninos, tem sempre duas ou três marcas que são mais relevantes, já que eles são mais fiéis. Já as meninas, são mais abertas a consumirem diferentes opções, principalmente na idade pré-escolar e entre quatro e sete anos, que é o target mais forte na animação. De uma forma geral, para esse público, os personagens são muito importantes na hora da compra.
Quais produtos a empresa tem licenciado para a faixa etária pré-escolar?
Temos o “Backyardigans” e “Dora, a aventureira”. “Dora”, por exemplo, é uma das marcas que mais faturam mundialmente dentro do grupo, junto com “Bob Esponja”. As duas são trabalhadas há mais de dez anos e são propriedades muito fortes. No caso de “Dora”, ela vem crescendo muito, especialmente nos últimos três anos.
O que essa marca representa dentro da companhia?
Não revelamos essa informação, mas o que podemos dizer é que ela vem dobrando seu faturamento nos últimos três anos.
A que se deve esse crescimento?
Todo nosso conteúdo pretende levar para a criança algo a mais e isso acaba refletindo no sucesso dos desenhos. No caso de “Dora”, por exemplo, a personagem ensina, de forma natural, inglês para as crianças. Vale ressaltar que a Viacom é uma empresa de conteúdo e vem mostrando que está antenada com as crianças de hoje, que estão cada vez mais conectadas e exigentes.
É possível dizer que esse personagem foi o que mais cresceu dentro do negócio?
Com certeza sim. E ainda não atingiu nem metade do seu potencial. Para 2013, é ainda uma grande aposta da companhia.
Quais as novidades da personagem?
A Multibrink exibirá uma linha completa de bonecas, bicicletas, barracas e acessórios de “Dora”. Já a Long Jump trará pelúcias e kits de papelaria e a BBR Toys apresentará a boneca Dora Bailarina, que dança ao ritmo da música. A área de publicações também terá novidades. Temos contrato com a Editora Caramelo, selo infantil da Saraiva. A empresa também tem parceria com a Riachuelo para confecção de roupas. Fechamos recentemente uma parceria com a Melhoramentos também.
Podemos dizer que o público pré-escolar é o mais importante para a Nickelodeon?
Com certeza esse é um mercado muito importante. Para o ano que vem, teremos outros lançamentos que tem como foco esse target.
Atualmente, qual o público do canal?
Hoje, focamos em crianças de sete a 14 anos, mas já temos várias atrações que visam atingir o público mais novo e estamos desenvolvendo várias estratégias para ampliar essa margem. A Viacom é uma empresa de conteúdo e possui um grupo de canal, entre eles, o Nick Jr, que foca no público mais pré-escolar.
Além das novas atrações, ainda existe a possibilidade do lançamento de mais um canal?
Na verdade, não posso adiantar nossas estratégias, mas o que posso dizer é que tudo está sendo avaliado.
E para o “Bob Esponja”, outro grande faturamento da companhia, quais são as novidades?
O “Bob Esponja” é um personagem tão consolidado, que vai muito bem na categoria de alimentos. E é uma propriedade tão amada por todos os targets que decidimos ir para o público adulto. Queremos oferecer opções para as pessoas que assistiram o personagem quando criança e que gostariam de continuar consumindo, mas de uma forma diferente. Vamos lançar, em parceria também com a Riachuelo, produtos para adultos e para bebês, para agradar mães e pais, fãs do personagem.
Quando os produtos serão lançados?
No segundo semestre, os produtos começam a chegar nas lojas para o público adulto. Esses lançamentos também são uma ótima oportunidade para resgatar um ícone da infância dessas pessoas.
Além das marcas já citadas, quais outras são apostas da companhia?
Vamos trabalhar também “South Park”, exibida na VH1, que tem um apelo muito forte entre os adultos. Vamos lançar roupas também com a Riachuelo ainda este ano.
Tem alguma categoria que a Viacom não tem licenciamento, mas que acha possível entrar como esses lançamentos?
Alimentos é a categoria mais difícil, só podemos explorar quando o personagem já está consolidado. O “Bob Esponja” é um desss casos. Temos vários produtos em parceria com a Brasil Food como achocolatado, leite fermentado, iogurte. Primeiro porque é um personagem unissex. Além disso, temos nossas séries de TV, voltadas para um público de sete a 12 anos. Porém, vale ressaltar que o mercado brasileiro ainda não está maduro para trabalhar com série, já que se trata de pessoas e não animação. Então, existem desafios de todas as partes da cadeia, mas algumas categorias vão muito bem, como ovos de Páscoa e cadernos, por exemplo. Este ano, trabalhamos forte as séries “I Carly” e “Big Time Rush”.
Qual é a primeira categoria a ser trabalhada?
Primeiramente, é a de brinquedos, que tem um retorno bastante expressivo. Depois, podemos dizer que papelaria. Mas tem uma categoria que vem crescendo bastante que é a de personal care infantil, com xampu, condicionador, sabonete, entre outros. Há cinco anos, esse segmento nem existia e, hoje, cada vez mais, as empresas estão buscando apresentar produtos mais inovadores, com embalagens atrativas para as crianças.
Com quais marcas a Viacom trabalha nessa categoria?
Com “Bob Esponja”, “Backyardigans”. Para o próximo ano, entraremos com “Dora, a Aventureira” e “Winx”.
Quanto a empresa espera crescer este ano?
A Viacom vem aumentando seu faturamento significativamente. Em licenciamento, a meta é dobrar de tamanho em relação ao ano passado, por conta das novas propriedades, dos parceiros estratégicos e da consolidação das marcas.
Como a empresa divulga os lançamentos?
A companhia trabalha muito perto de seus parceiros, a Cotiplás, por exemplo, é o principal player de bonecas do mercado e um dos principais investidores de mídia, e dentro da escolha do parceiro existe um comprometimento de divulgar os lançamentos. Mas também temos uma área resposável pela ativação das marcas e licenciados dentro do canal e do varejo.
Qual a importância do varejo nesse segmento?
Hoje, o grande desafio de todas empresas é ter um bom espaço no varejo e um bom espaço na prateleira. Isso é fundamental para atingir o consumidor de forma eficiente.