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 Toda virada é igual. Pessoas de branco esperando um ano melhor do que o que passou, desejando o melhor para todo mundo (até parece!), estabelecendo metas com toda a convicção de que será possível e não há limites, e muitos outros rituais que fazem com que nada de novo esteja acontecendo com estas pessoas. Ponto de virada é um conceito do Storytelling que pressupõe uma transformação de valor do positivo para o negativo ou vice-versa. Desse jeito, não existe nenhuma “virada”, apenas mais um dia que passa e muda o ano na hora de assinar o cheque. 

Isso me lembra a trama do filme “Feitiço do Tempo”, onde um repórter (Bill Murray) é escalado para cobrir as festividades do Dia da Marmota numa pequena cidade do estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Ele não vê a hora de terminar o trabalho e voltar para casa, mas o inesperado acontece: quando ele tenta voltar, uma nevasca impede que siga caminho e ele é obrigado a dormir no mesmo hotel que estava. A partir daí acontece um Feitiço, pois ele acorda todos os dias no mesmo dia igual ao Dia da Marmota. Tudo é exatamente igual e ele só consegue sair deste feitiço quando começa a enxergar que “o outro” faz parte da vida dele. 

Para mim, as mesmas pessoas que estão mostrando um mundo cor-de-rosa no Facebook e enviando mensagens em que “cliché” é elogio são as que cuidam das marcas, marketing e propaganda. Estas três disciplinas estão precisando sair do “Feitiço do Tempo” para que possam finalmente dar aquela virada (no sentido técnico de ponto de virada) que o consumidor do varejo ou o cliente do B2B perceba que eles estão realmente comunicando algo relevante. 

Esse é o meu desejo para todos vocês. Que saiam do ciclo vicioso ou do “Feitiço do Tempo” dos clichés, das soluções rápidas e superficiais, do pensamento de curto prazo, do foco no próprio umbigo, de achar que a vida é cor-de-rosa e principalmente de não estar preparado para o momento em que alguma força contrária vai mostrar que aquele desejo definido na sétima onda que você pulou não será fácil de conquistar. 

O meu desejo é que vocês imaginem que existe um universo paralelo. Para aproveitar o momento do filme mais famosos em cartaz, a guerra que você lutará será na Terra e não nas Estrelas! E quando ela chegar é melhor que você esteja preparado. Nessas horas, pensamento positivo, palavras bonitas de conteúdo motivacional ou “hashtags” de qualquer gênero (tipo #etudonosso ou #vamopracima) não serão suficientes para que você chegue no final de 2016 com a sensação de que foi o melhor ano da sua vida – ou, sem precisar ir tão longe, que foi um dos melhores anos dos últimos tempos. 

Então, eu desejo que você não chegue em dezembro de 2016 querendo que 2017 seja a solução para os seus problemas, pois aí, você não aproveitou 2016 e, de novo, como no filme Feitiço do Tempo, você vai se vestir de branco, pular as ondinhas, desejar que fique tudo para trás e escrever hashtags ainda mais agressivas, tipo #fora2016. 

Que em 2016 você acorde deste feitiço e consiga fazer o ano valer a pena, tendo muitas histórias para contar em 2017. E, claro, com você ou sua marca protagonizando estas histórias. 

Um feliz 2017. Isso mesmo, 2017!

Joni Galvão é líder da The Plot e autor do livro Super-Histórias