Chega de apresentar o mobile como o futuro, de tratá-lo como disciplina separada das demais, de temer os resultados que a atual realidade de um enorme número de consumidores apresenta. No Mobile Day, evento promovido pelo IAB Brasil (Interactive Advertising Bureau Brasil) nesta quinta-feira (18), em São Paulo, executivos de empresas como UOL, ESPN e Google decretaram: “O mobile passou”.
A sentença resume a velocidade com que as transformações vêm acontecendo no mundo digital, seja com relação ao consumo de informações e serviços, seja referente aos novos modelos de negócios. “Pesquisas recentes apenas reforçam: a intenção de compra de aparelhos de mobilidade digital no Brasil cresce diariamente e em ritmo acelerado. O mobile é uma febre. Na minha época, o carro dividia os holofotes de sonho de consumo e item indispensável. Na nova geração, os automóveis perderam espaço para os celulares e computadores. Segundo o eMarketer, até 2016, os investimentos digitais devem mais que quadruplicar”, declarou Rafael Davini, diretor-geral do Terra e presidente do IAB Brasil.
Para o executivo, o panorama salienta a importância dos profissionais de criação – que, segundo ele, nunca foram tão importantes. “O engajamento e o interesse do internauta por essa ou aquela marca tem a oscilação como característica básica no momento. E chamar a atenção do consumidor exige ideias cada vez mais amplas”, destacou.
Diretor de publicidade do UOL, Enor Paiano revelou que, até 2011, a receita do portal com mobile era nula. “Começamos a trabalhar a área em 2005. Montamos uma unidade de negócios e o impressionante é que ela não deu em nada. Em 2011, desmontamos o grupo. Vimos que o mobile já estava completamente inserido no dia a dia de todas as outras áreas e, do ano passado para cá, os resultados foram completamente positivos”, disse. Paiano salientou a atual audiência mobile do UOL, em torno de sete milhões de visitantes únicos, é equivalente a 8% do total do portal.
“Atualmente, 15% das buscas no Google provém de mobile. O crescimento nesse sentido, no entanto, acontece sete vezes mais rápido que o das buscas originadas do computador. Hoje, no Brasil, cerca de 80% dos consumidores pesquisam produtos ou serviços no celular. Os smartphones estão ficando mais baratos, acessíveis a todos os públicos. Vivemos um revival dos anos 90. As empresas que não se adaptaram ao universo da internet, caíram; com o mobile, será igual. Sem uma estratégia forte, a chance de falhar é enorme”, afirmou Peter Fernandez, diretor de mobile e social no Google para a América Latina e mais um defensor da ideia de que “o mobile foi ontem”.
O crescimento do mobile e o paralelo com o cenário do fortalecimento da internet, entre o fim da década de 90 e o início dos anos 2000, também foi traçado por Michel Lent, diretor da Pereira & O’Dell. A principal diferença, segundo ele, é a falta de necessidade de explicação: “Tínhamos que insistir com os clientes, repetir e repetir de novo o quanto valia a pena investir na internet. Hoje, é claro, defender esse aspecto não faz mais sentido”. “Também é o fim do mito de que pouca gente navega, comparado a quem assiste TV, por exemplo; de que internet no celular é coisa de rico; e de que essa é apenas uma fase e desenvolver um site móvel não é obrigatório. Apenas uma entre as dez maiores empresas têm sites adequados ao mobile atualmente. Isso é bem pouco”, finalizou Marcelo Castelo, sócio-diretor da F.biz.
Rádio x áudio
“O rádio é mobile. O áudio é mobile”, defendeu Luis Olivalves, diretor de novos negócios da ESPN. Para ilustrar o poder da ferramenta, o executivo lembrou o fim da parceria entre a rede e o jornal O Estado de S. Paulo na rádio Estadão ESPN, que encerrou suas atividades em dezembro de 2012. “Decidimos investir 100% no digital e vimos o quanto o público gosta de ouvir sobre esportes na internet. Para se ter uma ideia, segundo o Nielsen, 41% dos que assistem TV diariamente usam a segunda tela. Entre os que acompanham esportes, esse número sobe para 83%. São heavy users que, além de ouvir, querem ver. Por isso, o projeto de nosso novo site é também voltado à seleção de vídeos”, afirmou. Olivalves ainda adiantou a chegada ao Brasil do ScoreCenter, aplicativo de enorme sucesso da ESPN nos Estados Unidos, com lançamento previsto para maio no mercado nacional.
Valor real
O Google lança nesta quinta-feira (18) no Brasil o site O Valor do Mobile (gomobrasil.com/ovalordomobile), ferramenta que permite ao anunciante calcular o ROI mais próximo do verdadeiro tendo por base os investimentos no universo mobile. Funcionando como uma espécie de calculadora, o projeto torna mais fácil a visualização dos custos, diante do fato de que muitos dos trâmites online atualmente passam por um processo de ida e volta: não é mais apenas o clique em um anúncio, que direciona o internauta para o produto; muitas vezes, a pesquisa começa no celular ou tablet e a compra é finalizada mais tarde, diretamente no computador. O cadastro para utilização do novo serviço é gratuito.