Texto: Filipe Oliveira
Já ouviu falar em lifelong learning? De modo simplificado, esse conceito trata da busca contínua pelo aprendizado, indo além de um modelo tradicional de educação. Tatsuo Iwata Neto, diretor nacional de pós-graduação da ESPM, e Caio Bianchi, gerente de educação continuada da mesma instituição, debateram o assunto em um painel no Ahead, evento organizado pela ESPM. Confira a seguir um resumo do que rolou na palestra:
1. O que é lifelong learning
Tatsuo: Não é um conceito novo. É uma representação de um processo de aprendizagem ao longo da vida. É esse olhar de futuro, de jornada, não só de carreira, mas de vida e de como podemos aprender ao longo dela, independente do conceito tradicional de educação.
Caio: É como um modelo mental. O aprender ao longo da vida se torna tão importante quanto a agilidade das transformações da sociedade, do mundo, de tudo o que acontece em volta. Temos a oportunidade de aprender todos dias. Você aprende em uma mesa de bar, em um churrasco com a família, assistindo a uma série, no YouTube, no Spotify. É estar aberto a esse modelo para estar aprendendo sempre.
2. Como ser um lifelong learner
Tatsuo: Seja curioso. A partir da curiosidade você vai buscar continuar aprendendo, independente de um direcionamento tradicional da aprendizagem. Tenha essa necessidade e consciência de que aprendemos o tempo inteiro e não só na escola. Passa muito por aprender a aprender, o pensamento crítico, leitura das conexões, do olhar para fora, do contexto.
3. Não existe mais época de estudar e época de trabalhar
Tatsuo: Quando criança ou adolescente, a gente pensava em que carreira iria escolher e tinha uma ideia de que se fosse fazer Medicina teria que estudar o resto da vida. Mas qual carreira, graduação, ou curso que a gente escolhe isso não é verdade? Tá muito longe de ser só a Medicina.
Caio: Não temos mais essa realidade que a o longo desse tempo vou estudar e depois vou focar na mão na massa, porque fazendo isso perdemos uma oportunidade gigantesca de dar saltos exponenciais no conhecimento.
4. Lifelong learners estão sempre em transformação
Caio: O mercado vai se transformando, as demandas estão em transição, por que não o profissional? Seria meio paradoxal o profissional não se transformar se tudo está mudando. Hoje em dia, time que está ganhando se mexe, porque amanhã muda o esporte e a bola.
5. A educação tradicional não nos ensina a aprender
Caio: Ao longo da vida você aprende que tem que ser igual todo mundo, se comportar, igual, reagir igual. Principalmente tem que ser bom e Matemática e Português, porque se não é taxado de burro. É colocado em caixinha, tem que seguir igual todo mundo. Joga no Google uma foto de sala de aula e deu uma linha de produção. É absolutamente igual.
Tatsuo: A gente é ensinado a ser ensinado, não a aprender. Por que fomos perdendo a curiosidade ao longo do tempo? Porque os lugares dos quais a gente participa são lugares em que somos formados ou levado a esse papel muito mais passivo do que ativo. Felizmente hoje temos muitas escolas que pensam diferente, na linha da abertura, da flexibilidade. Mas muitas famílias ainda valorizam esse conhecimento tradicional. Acham que o filho não está aprendendo porque não vem a escola dentro do que acreditam que uma escola deve ser. Escolas que preparam para o vestibular e não para a vida. Mas o vestibular vai passar e a vida vai continuar.
6. O papel das instituições de ensino no lifelong learning
Tatsuo: O papel das instituições de ensino é ser um espaço de reflexão aprofundada, cuidadosa e de liderança de produção de conhecimento naqueles assuntos. Porém não pode se desconectar dessa velocidade da transformação. Por isso precisa ser flexível, ter um modelo de aprendizagem que privilegia a questão do contexto, da experiência trazida de fora. A instituição precisa pensar como essas conexões são feitas, pensar que seu papel vai além da própria escola. É um hub para trazer essas experiências para vivência.
Caio: Antigamente a gente tinha essa visão tradicional de que o loco do conhecimento é a intuição de ensino, como se fosse um Olimpo. Hoje em dia, por conta da difusão das informações, a intuição passa a ser um espaço de curadoria do conhecimento. Principalmente quando a gente fala dessa importância de continuar aprendendo.
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