Eustachio:"propmark foi fundamental na minha carreira"Eu nunca soube explicar por que me decidi pela faculdade de Publicidade e Propaganda. Na verdade, eu não tinha a mínima ideia sobre qual era o perfil de competência dessa atividade.

Nos meus 18 anos, não tinha nenhuma pessoa na família com alguma ligação com propaganda, não conhecia ninguém que exercesse alguma função nesse negócio, nunca havia entrado em uma agência, nem mesmo sabia o endereço de uma delas.

Na verdade, eu achava que o publicitário funcionava como um advogado, ou médico, que tinha um conjunto comercial e prestava consultas para empresas que, uma vez devidamente orientadas, pagavam os honorários e se davam por satisfeitas.

Entre meus familiares, não faltou quem me aconselhasse a abandonar a ideia e optar por uma formação de mais futuro, como administração ou engenharia, mas a teimosia da juventude prevaleceu e, do alto da minha ignorância, resolvi que iria ser publicitário.

Muito bem, assim foi que me matriculei na 2ª turma da então pouco conhecida Anhembi Morumbi. No primeiro ano de faculdade, continuei totalmente carente de contato com o mundo real da propaganda.

Nenhum dos professores trabalhava em agência, nenhum dos meus colegas de classe trabalhava em agência. Conforme o tempo passava, foi batendo uma baita insegurança a respeito do meu futuro profissional.

Eu já pensava em um plano B quando, na biblioteca da faculdade, tive contato pela primeira vez com o Propaganda & Marketing. Quando terminei a leitura, já estava decidido, eu iria economizar algum dinheiro para fazer uma assinatura do jornal.

Assinatura feita, esperava pelas edições com grande expectativa, lia cada número do princípio ao fim e, gradativamente, fui ganhando cultura sobre marketing e propaganda, campanhas, anunciantes, agências e profissionais mais destacados. Ainda que distante fisicamente de uma agência, tinha um repertório que ia me ajudando a definir em que área eu queria trabalhar, que outras literaturas deveria ler, os nomes que devia ter como referência.

Conforme os anos foram passando, fui conhecendo nomes como Kotler, Drucker e outras lendas, que foram me revelando o quanto o marketing e a comunicação eram fascinantes.

Porém, naquele momento, minha angústia era outra: eu já estava no último ano da faculdade, ainda não trabalhava em uma agência e as chances eram pequenas, na medida em que continuava sem conhecer alguém que pudesse me dar a primeira oportunidade ou, pelo menos, me recomendar.

Mais uma vez, recorri ao Propaganda & Marketing e, por meio de suas páginas, fiz uma relação de dez agências nas quais eu gostaria de trabalhar, identifiquei as pessoas com quem deveria fazer contato, escrevi uma carta me apresentando e pedindo uma oportunidade de estágio e enviei. Tive um aproveitamento de 10%, ou seja, uma entre elas gostou do meu texto, me chamou para uma entrevista e me ofereceu um estágio. Foi a primeira vez, desde que havia decidido que seria publicitário, que entrava em uma agência.

Essa agência, a CBBA, de Renato Castelo Branco e Hilda Schultzer, me acolheu e, após renovar algumas vezes meu período de estágio, finalmente acabou por me contratar.

Esse é meu depoimento sobre como o Propaganda & Marketing foi fundamental para minha carreira. Durante décadas Armando Ferrentini e sua Editora Referência vêm prestando um serviço de enorme valor para o negócio da comunicação no Brasil, levando cultura, conhecimento, defendendo nosso negócio, reconhecendo e premiando o trabalho de qualidade.

Vou tomar aqui a liberdade de ampliar meu reconhecimento a toda a imprensa profissional que cobre o negócio da comunicação, sem a qual certamente a propaganda no Brasil não seria o que é hoje.

*CEO da Talent