O momento pós-pandêmico mudou por completo a forma como gestores e colaboradores enxergam a relação de trabalho. O modelo tradicional de deslocamento até uma empresa para executar atividades e demonstrar os resultados já não é mais o normal, inclusive, muitos consideram esse modelo 100% presencial como ultrapassado, exceto claro para alguns ramos que necessitam do presencial para exercer as atividades, e recentemente para a equipe do Elon Musk, que recebeu um e-mail exigindo a volta de todos para o modelo presencial.

Atualmente as empresas estão adotando o modelo híbrido, o home-office permanente e muitas ainda estão na dúvida do caminho a seguir. A Robert Half realizou uma pesquisa e os entrevistados afirmaram que 50% das organizações atuam com um modelo híbrido, com encontros presenciais três vezes na semana e o restante dos dias em casa, ou seja, os outros 50% ainda estão divididos por qual modelo escolher.

Essa perspectiva mudou a visão do trabalhador, pois atualmente chegamos a um dos maiores índices de troca de cadeiras no mercado de trabalho. Para se ter uma ideia, 49% dos profissionais consultados na pesquisa pretendem trocar de empresa em 2022, e essa mesma pesquisa mostra que para 56% dos líderes empresariais brasileiros, a rotatividade na empresa cresceu muito durante a pandemia. Muitas vezes, essa movimentação dos profissionais pode estar associada à falta de identificação do colaborar com a organização. Não basta somente oferecer um pacote atraente com alta remuneração, bons benefícios, chope liberado e uma mesa de sinuca, o funcionário está em busca (e precisa) de bem-estar, sentir-se valorizado no ambiente de trabalho e ter um sentimento de propósito.

Um dos maiores desafios enfrentados atualmente pelas empresas está vinculado a como criar um modelo de trabalho em que o colaborador esteja satisfeito e ao mesmo tempo esteja alinhado aos pilares da cultura e valores da empresa. De acordo com um levantamento da Gupy, um talento que esteja alinhando com a cultura corporativa tende a ficar 13 meses a mais do que um colaborador que não compreende ou acredita na cultura.

O processo de contratação tem sido ainda mais valorizado nas empresas, pois é aí que começa a busca por profissionais compatíveis com a cultura corporativa. Uma pesquisa da Robert Half, realizada em fevereiro de 2022, mostra que 41% das lideranças assumem ter feito alguma contratação equivocada no último ano, e a mesma pesquisa mostra que durante o quarto trimestre de 2021 cerca de 49% dos desligamentos ocorridos pertencem ao grupo de pessoas acima de 25 anos e por vontade do próprio colaborador.

Os líderes empresariais estão sendo cobrados por construir um bom ambiente de trabalho, desenvolver habilidades socioemocionais para relacionar com a equipe e cada vez mais trabalhar a escuta ativa. Nesse momento as empresas e os gestores precisam criar um ambiente que seja a extensão da vida de cada indivíduo, que seja seguro e conecte com os objetivos pessoais.

Diante desse panorama, as contratações devem ser baseadas no comportamento e nos valores de cada profissional e não tanto em fatores técnicos para determinadas vagas. A busca por colaboradores deve seguir priorizando quem se encaixe com o modelo e a cultura da organização. As empresas precisam contratar com base nas competências e desenvolver as habilidades e técnicas necessárias para a posição.

O maior desafio dos gestores é atrair um colaborador que tenha sintonia e valores similares aos da cultura da empresa, e quando se tem valores bem definidos pode ter certeza de que a organização crescerá com uma equipe saudável, propícia a gerar ótimos resultados em todas as atividades e pronta para propor melhorias, seja em tarefas, serviços ou projetos. E um colaborador feliz com o que desempenha na organização pensará algumas vezes antes de tomar uma decisão de troca de cadeira corporativa.

Alexandre Tili é CEO da OUT Marketing no Brasil