Para que as ideias de Fernando Diniz dessem certo e trouxessem os resultados desejados, seria preciso que os jogadores fossem perfeitos, irretocáveis em suas movimentações e passes. Mas não são, são humanos, e, assim, mais cedo ou mais tarde, o naufrágio é inevitável.
O mundo levou séculos para descobrir, conforme nos ensinou nosso mestre e mentor Peter Drucker, que o caminho mais rápido e seguro em direção ao sucesso é ser eficaz. Jamais, ser eficiente. Diniz cultua a eficiência e está condenado ao malogro considerando-se os componentes essenciais de seus jogadores: seres humanos. Se máquinas, talvez, e com a inteligência artificial, conseguissem ser perfeitos e irretocáveis praticando a eficiência, mas são humanos, falíveis, e, portanto, mais cedo ou mais tarde, falharão... Ser eficiente, o mantra de Fernando Diniz, é fazer certo todas as coisas. Já ser eficaz, o mantra, conselho, recomendação, advertência e sabedoria de Peter Ferdinand Drucker, é fazer certo exclusivamente as coisas certas.
Assim, em muitas circunstâncias, fazer certo a coisa certa é dar um lançamento a distância, considerar as características e competência dos velocistas e dribladores, e não e apenas, e sempre, precisar de 40 passes para sair da defesa e tentar chegar ao ataque... Fazer certo exclusivamente as coisas certas é o que a experiência e a intuição recomendam a nossos melhores jogadores. Hoje aprisionados à teimosia e burocracia, ao culto à eficiência de Fernando Diniz.
Se todos os que colocam os milhares de aviões no ar todos os dias seguissem o estilo Fernando Diniz de jogar, mais conhecido na linguagem da aviação de operação padrão, nenhum avião, eu disse, nenhum avião, decolaria. Haja merthiolate, esparadrapo e penicilina para o setor da saúde
Não obstante a espetacular evolução dos últimos anos, não obstante a multiplicação da concorrência, não obstante a modernização radical do território, o negócio da saúde continua sendo o recordista em fraudes e contravenções. Estudo realizado pela Ernest Young para o IESS – Instituto de Saúde Suplementar registra, no total, uma perda no conjunto das empresas de plano de saúde da ordem de R$ 12,70 para cada R$ 100. Ou seja, um vazamento, uma perda de sangue permanente da ordem de 12,7%. Muito acima do que acontece com outros setores de atividades, onde as quebras quase nunca excedem a 3%. Considerando o tamanho do mercado, e traduzindo em reais, estamos falando de um sangramento por ano de R$ 34 bilhões, para um faturamento total em 2022 de R$ 270 bilhões. Esse vazamento ou sangramento pode ser organizado em duas grandes causas: fraudes e desperdícios.
Dentre as fraudes, os destaques vão para:
A – Adulteração de procedimentos.
B – Superutilização.
C – Ocultação de doença preexistente.
D – Fornecimento de dados de acesso a terceiros.
E – Reembolso sem desembolso.
F – Falsificação de laudos de exame.
G – Atendimento falso.
G – Fracionamento de recibos.
H – Reembolso duplicado.
I – Boleto falso.
E nos desperdícios:
A – Pagamento de preço excessivo.
B – Desperdício de materiais utilizados.
C – Uso excessivo de insumos de elevado custo.
D – Atendimento ineficaz ou Inapropriado.
E – Eventos adversos que poderiam ter sido prevenidos.
F – Duplicação de serviços.
Comentando sobre os resultados do estudo, o superintendente-executivo do IESS declarou ao Estadão que: “Os impactos dessas fraudes e desperdícios recaem sobre todos os pagadores dos planos de saúde. Provocam, inexoravelmente, um aumento nas mensalidades. Que poderiam ser significativamente menores caso conseguíssemos diminuir de forma consistente esse tipo de ocorrência...” .
É isso, amigos. Enquanto não nos convertermos num país sério, com consumidores – nós – conscientes, éticos e responsáveis – e, como diz a Bíblia, “Os inocentes seguirão pagando pelos pecadores”. E que pecadores, desgraçadamente, ainda são em grande número...
Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing
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