A pandemia de Covid-19 impactou todos os segmentos da economia. Contudo, o setor mais afetado foi o de eventos. Dos eventos sociais aos corporativos, os culturais, acadêmicos, esportivos e musicais, todos sofreram com atrasos, cancelamentos e fuga de investimentos.

De acordo com o Sebrae, em abril de 2020, 98% do setor de eventos já tinha sido impactado pela pandemia do coronavírus, com uma queda de faturamento entre 76% e 100%, na comparação com o mesmo período de 2019, segundo apontaram 62,5% dos entrevistados pelo Sebrae.

A tragédia sanitária impactou uma gama grande de profissionais que dependem dos eventos para sobreviver, incluindo freelancers, que atuam nas três fases distintas da organização de qualquer tipo de evento: a pré-produção, a produção e a pós-produção. Em cada fase, são envolvidos até centenas de trabalhadores, entre seguranças, promotores, montadores, técnicos de som e de luz, produtores, bilheteiros, serviços gerais e de limpeza.

Vale destacar que todo evento, mesmo sendo 100% presencial, envolve trabalho “on” e “offline”, pois a divulgação, a venda de ingressos e até a transmissão é realizada no ambiente “online”. Percebemos claramente três pontos que foram afetados pela pandemia: o tempo de execução do evento, a quantidade de profissionais envolvidos e o trabalho e a energia gastos para a realização.

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Contudo, após cerca de um ano e meio da crise causada pela pandemia, o mercado de eventos começou a dar sinais de voltar a aquecer no fim de 2021. O avanço da vacinação possibilitou o retorno gradual do público aos cinemas, teatros e jogos de futebol. Essa retomada é vista com um mix de alegria, alívio e esperança por todos que estão inseridos na cadeia produtiva.

O estado da Bahia, especificamente, é mundialmente conhecido por eventos como São João, Micaretas, procissões religiosas, e posso dizer que a boa terra está ansiosa para retornar ao trabalho. No entanto, a pandemia ainda não está totalmente controlada e os números deste início de 2022 são novamente desanimadores.

Não teremos ainda neste ano o Carnaval tradicional de Salvador, nos moldes como sempre foi realizado, devido ainda às precauções relacionadas à pandemia. Realizar a festa poderá ser possível com uma dose de criatividade e com a utilização de nossos melhores recursos para criarmos um formato “indoor”.

Com o apoio do poder público, de artistas, empresas e profissionais das mais diversas áreas em conjunto com o grande público, é possível utilizar espaços fechados, como, por exemplo, o Centro de Convenções, a Arena Fonte Nova ou o Parque de Exposições, criando áreas para utilização de, no máximo, oito pessoas por área limitada, mediante cartão de vacinação, com a medição da temperatura, disponibilizando sempre álcool em gel e higienizando todos os espaços e materiais. Um Carnaval mais “organizado” será importante não só para o setor de eventos, mas para os profissionais deste setor e para o público consumidor.

Importantíssimo destacar que todos os eventos são fundamentais na geração de receita, emprego e renda do estado da Bahia. O São João, por exemplo, em alguns municípios do interior baiano, é a época em que a população mais ganha dinheiro. O Carnaval, na capital, movimenta mais de R$ 1 bilhão. Algo dessa magnitude não pode, nem deve, ser descartado, entretanto, todos temos de pensar em como realizá-lo sem pôr em risco a vida de todos os envolvidos. Como diria nosso querido Gilberto Gil, “Andar com fé eu vou, que a fé não costuma faiá”. Axé!

Fábio Toshio Akita é gerente da Agência Marcativa Comunicação Estratégica, associada ao Sinapro-BA (akita.adm@hotmail.com)