Fonte de receita histórica e financiadora da liberdade de expressão para veículos de mídia como TV, jornais, revistas e rádio, a publicidade tem sido, de certa forma, vilanizada por aplicativos que buscam angariar assinaturas pagas. Não é incomum apps de diferentes segmentos enviarem mensagens aos usuários, depois de um tempo de utilização, dando a opção para a pessoa não ver mais anúncios.
Entendemos que uma coisa não inviabiliza a outra. Tanto que a TV por assinatura possui um modelo de negócios híbrido, sustentado por assinatura paga e publicidade. Mas, de redes sociais aos streamings, a propaganda tem sido alvo e virou motivo para evitar a interrupção da experiência, e vender pacotes de assinaturas.
Especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que esse tipo de atitude das plataformas colabora para nutrir nos consumidores o sentimento de que a publicidade é um inconveniente para o conteúdo.
Além de desvalorizar a atividade, a estratégia pode ser um tiro no pé, afinal
nenhum serviço se mantém sem anúncios. Grandes produções cinematográficas, inclusive, utilizam o product placement para financiamento da obra audiovisual em questão.
“Sem dúvida, o argumento ‘pague para não ser interrompido’ pode reforçar a ideia de que a publicidade tem baixo valor agregado”, analisa Patrícia Moura, fundadora e CEO da Pride Content. “Para equilibrar essa balança, as plataformas devem explorar formas inovadoras de publicidade, tornando-a cada vez mais nativa, de forma que se integre de maneira fluida ao conteúdo já consumido.”
O professor de marketing da Trevisan Escola de Negócios, Fernando A. Fleury, reforça a tese. “Certamente, a prática das plataformas digitais de utilizar publicidade como um fator dissuasor para impulsionar a adesão a pacotes pagos é uma estratégia astuta, que carrega implicações significativas sobre a percepção do consumidor em relação à publicidade”, enfatiza Fleury.
A publicidade em muitos aplicativos é propositalmente excessiva e muito mal alocada para, decerto, atrapalhar a navegação do usuário estimulando-o a optar pela versão paga do mesmo aplicativo que é livre de publicidade. Além de vilanizar a publicidade, temos para nós que essa prática surte naqueles que não querem pagar por tais aplicativos um sentimento negativo não contra a publicidade, mas sim contra o próprio aplicativo. Plataformas com poluição de publicidade prejudicam a própria credibilidade para o seu público-alvo.
O fato é que as plataformas, definitivamente, não precisam depreciar a propaganda para aumentar a sua base de assinantes pagos. Elas próprias faturam como nunca com anúncios. O relatório de tendências em mídia e publicidade ‘Global advertising trends’, feito pela consultoria de pesquisa Warc, revela que a mídia social deve receber investimentos da ordem de US$ 247,3 bilhões globalmente em 2024, alta de 14,3% em relação ao ano anterior.
Somente a Meta, dona do Facebook e Instagram, que acumularam crescimento de mais de 20% em tempo de navegação no primeiro trimestre do ano, pode somar receita de US$ 155,6 bilhões com anúncios até o fim deste ano, o que corresponde a uma fatia de 63% no total do mercado de redes sociais. A expectativa da Warc é de que a big tech ultrapasse o aporte publicitário da TV em 2025.
Conscientização
Mês do orgulho LGBT+, junho tem diversas paradas agendadas globalmente. No Brasil, a principal delas é a Parada do Orgulho, com mobilização, apenas em São Paulo, de mais de três milhões de pessoas na Av. Paulista e arredores. Em 2024, a parada ganhou nova identidade visual e levanta a bandeira “Basta de negligência e retrocesso no Legislativo! Vote consciente pelos direitos da população LGBT+”. As marcas L’Oréal, Terra, Vivo, Blanver, Doritos, Amstel e Club Coworking estão entre os patrocinadores do evento.
Frase: “Esforce-se para não ser um sucesso, mas sim para ser valioso” (Albert Einstein).
Armando Ferrentini é publisher do propmark