São muitos os desafios do Live Marketing nos dias atuais. Pensando bem, enfrentar desafios sempre foi a tônica do empresariado brasileiro. Só que, ao que tudo indica, alguns deles têm tirado ainda mais o sono de quem pretende ter vida longa no setor.

Até alguns anos vivíamos imersos em uma realidade mecanicista. Trazendo para o contexto do marketing promocional, significa lembrar que um material impresso ou qualquer outra ferramenta do Live Marketing, tinha uma função única como uma peça isolada, que cumpria seu papel específico no contexto promocional .

Agora vivemos envoltos em um pensamento sistêmico, com profunda conexão entre as áreas. Ninguém está mais sozinho dentro das corporações. Equipes antes reclusas em seus feudos, hoje interagem e contribuem com as demais para cercar todas as possibilidades de atingir os públicos de interesse. Todos influem em tudo. Os resultados são, na maioria das vezes, fantásticos. No entanto, esse modelo funciona melhor em empresas abertas, que já despertaram para tais mudanças e estimulam essa cultura interna.

Desenvolver um bom planejamento de comunicação em tempos de algoritmos é outro desafio gigante para o Live Marketing. Nos canais virtuais, estamos conectados com pessoas que pensam como nós, gostam das mesmas coisas, são afins na política, na vestimenta e nas atitudes. Se você é atingido sempre pelos mesmos inputs, adota posições cada vez mais radicais e menos receptivas a opiniões diversas das suas. É isso que temos visto no comportamento das pessoas. Estamos nos retroalimentando, numa espiral que nos leva ao radicalismo neste Brasil polarizado. Para complicar ainda mais, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) balançou antigas práticas e a obtenção de informações antes acessíveis. Como alcançar as pessoas além das bolhas, respeitando o direito de privacidade de cada indivíduo?  Hoje, muitas ações se dão através das redes sociais e o desafio está em conseguir dados qualificados para aumentar a base de seguidores da marca.

Fora tudo isso, temos convivido com novas gerações muito mais engajadas e com elevado senso crítico. Jovens da geração Z, nascidos a partir de 2000, estão entrando no mercado de trabalho, ganhando seu próprio dinheiro, com posicionamento bastante severo sobre questões relacionadas ao meio ambiente, diversidade, inclusão social, economia circular, entre tantas outras abordagens mais recentes.

A preocupação com a preservação ambiental no Brasil vem sendo discutida há muitos anos, mas com pouco efeito prático. Agora as empresas estão correndo para atender as demandas das novas gerações, incorporando mudanças significativas em seu modus operandi. Para evitar poluição ambiental, os produtos precisam ser pensados do nascimento até seu descarte final dentro de uma ótica ambientalmente responsável. Muitos jovens não aceitam mais consumir marcas sem claro comprometimento ecológico.

Falando um pouco dos brindes, produtos ecofriendly custam, em geral, de 20% a 30% mais caros. Nos Estados Unidos é comum encontrar itens com a diferença bem além desse percentual. E, mesmo assim, inúmeros consumidores estão dispostos a pagar. Estamos evoluindo. Muitos brindes, por exemplo, têm sido feitos por nossa indústria nacional com fibras naturais, como de arroz, de coco e de garrafa pet. A marca estampada num produto desenvolvido com esse tipo de matéria-prima agrega valores altamente positivos junto ao público final.

Fica evidente, portanto, que o Live Marketing tem ainda muitos desafios para enfrentar e se prepara para encarar tantos outros pela frente. A retomada do setor pós-pandemia, com eventos lotados e público ávido por novas experiências, demonstra que o caminho está pavimentado. Só não podemos esmorecer.

Auli De Vitto é CEO da Forma Promocional e da Brazil Promotion