Escrevo este artigo ainda antes de saber o resultado das eleições. Torço para que minhas escolhas tenham prevalecido, mas torço mais ainda para que os eleitos esqueçam toda a fase de ataques e brigas políticas próprias das campanhas eleitorais e elevem seu espírito para conduzir o país e representar seus eleitores de forma digna, ética e magnânima.

Pode parecer utopia, mas meu desejo é que os eleitos usem os caminhos da política unicamente para viabilizar propostas e ações em benefício das pessoas que habitam nosso país, indistintamente, sem favorecer grupos já privilegiados, com especial atenção àqueles mais necessitados.

Meu “nirvana” seria que os eleitos seguissem fielmente a cartilha dos preceitos ESG, pensando na preservação do meio ambiente, da responsabilidade social e, principalmente, nas questões éticas e na transparência de suas ações. Não seria mesmo o guia ideal dos governantes e representantes do povo?

Acompanhe comigo: pensar no lado E do ESG, seria ter o perfeito entendimento da necessidade de se alinhar ao esforço global de preservação da natureza e de se evitar que o aquecimento global supere 2°C, limite estabelecido pelo Pacto Global, tendo 2030 como data limite.

Seria encarar nossas florestas e áreas verdes como ativos de grande valor, que poderão gerar grande riqueza quando a comercialização de créditos de carbono for regulamentada internacionalmente.

Não seria, portanto, um pensamento só de preservação (o que já é nobre e necessário), mas de criar nova fonte de riqueza para um país que ainda se destaca pela imensa área de vegetação.

Seria a adoção de políticas de preservação, não só da mais comentada Amazônia, mas também dos demais biomas brasileiros, como o cerrado e a mata atlântica.

Além da preservação dos nossos mares e rios, tão maltratados. Pensar no S, seria exercitar a empatia por inteiro, olhando para cada grupo de pessoas desse Brasil miscigenado e colocar em prática ações afirmativas para diminuir desigualdades e evitar preconceitos de qualquer ordem. Seria revisitar os 17 ODS da ONU, começando pelo ODS 1, que é “Erradicar a Fome”. Não é aceitável que o país que é considerado o “celeiro do mundo” possa conviver com 33 milhões de habitantes passando fome. É um enorme absurdo!

Também é absurdo termos mais de 35 milhões de brasileiros sem acesso a água tratada e quase 100 milhões sem coleta de esgoto. Também não é aceitável não termos um programa de educação que tire nosso país das últimas posições dos rankings internacionais de desenvolvimento educacional.

Voltando o pensamento para o lado G do ESG, de Governança, é uma das maiores carências do nosso país. Ética, transparência, honestidade e a adoção de uma governança equilibrada e democrática são atributos sonhados por todos nós, brasileiros. E também pensar na boa comunicação como uma forma de dar transparência e engajar pessoas.

Por isso, car@ governante e representante do povo, ao assumir seu mandato procure conhecer melhor os princípios ESG e os 17 ODS, um a um, e se pergunte: O que posso fazer para minimizar o sofrimento dos mais necessitados?

Como posso contribuir com a preservação da fauna, da flora? Como posso ajudar no impulso de geração de energias alternativas, que mitiguem a emissão de CO2 e de gases de efeito estufa? Como posso favorecer políticas que garantam maior segurança e fortaleçam minorizados?

Isso seria governar, criar e cumprir leis que favoreçam de verdade o país. Fazer política é uma necessidade em regimes democráticos. Mas fazer política sem politicagem, tendo embaixo do braço a Constituição e os preceitos ESG, seria, repito, meu “nirvana”.

Espero que nós, brasileiros, tenhamos sabido escolher nossos representantes e, mais ainda, que esses escolhidos nos respeitem e respeitem os princípios mais nobres da ética, da empatia e da sensibilidade à dor dos mais necessitados. É pedir muito?

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
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