Nosso saudoso e querido amigo Zé Rodrix mais que queria uma Casa no Campo. Acredito que a maior parte de nós, também. Mas, uma Casa na Árvore, quem quer? Numa de suas últimas apresentações Zé, antes de partir, fez o show de conclusão de uma das turmas do Madia Marketing Master da Madia Marketing School. Dias depois foi me visitar, precisava falar comigo. Não disse nada, me deu um abraço e foi embora. Morreu dois dias depois. Veio se despedir...
Nos últimos 12 meses, quase tudo passou pela cabeça de quase todas as pessoas. A maioria, a certeza/torcida para que a pandemia acabasse no dia seguinte de manhã. De preferência, bem cedinho... Para uma boa parte, a dor infinita do desconhecido. Para uma minoria no desespero, considerações sobre o abreviar à vida. Quase todos, sem exceção, e, no mínimo, sonharam. E o sentimento de alguma ou muita perda é geral. O sonho faz parte da condição humana. Como nos lembrou o maior dos poetas da língua portuguesa, Fernando Pessoa: “Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho – diz Pessoa – é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso...”.
Também no mundo dos sonhos, existe a tal da long tail, da cauda longa. Pequenos prazeres ou delírios de poucas pessoas. E assim, na pandemia, para ocupar as páginas das publicações, e o tempo de pessoas trabalhando de suas casas, a imprensa foi atrás de alguns desses sonhos. E descobriu que para algumas ou poucas pessoas, e dentre sonhos e maluquices, “ter uma casa numa árvore” é uma das manifestações mais recorrentes. A explicação tem várias componentes. Mas e talvez, a mais forte e recorrente, a possibilidade de morar acima do chão, e, mais próximo do céu. Um quase levitar. Assim, e dentre as matérias inusitadas da pandemia, várias sobre casas nas árvores. E a descoberta que existem arquitetos e construtoras especializados nessa possibilidade.
Fui conferir e achei no portal Tua Casa e, segundo o texto de Carolina Franco, “Confira 40 casas na árvore apaixonantes”. E lá estão as 40 casas. E tem de tudo. Retangulares, quadradas, redondas, duplas, em formato de disco voador e muito mais. Mergulhei um pouco mais fundo e descobri uma série de hotéis e pousadas que oferecem acomodações em casas nas árvores. No mar, Ubatuba; na montanha, Monte Verde; em lugares místicos, Alto Paraíso; e muito mais. Qual o sentido dessas supostas maluquices?! Em nosso entendimento, consultores da Madia, nenhum.
Mas, alguns empresários do território da hospitalidade transformam essas maluquices em diferenciais de atração ou exclusividade. Muito especialmente voltados não para os frequentadores habituais, mas para hóspedes eventuais. Que querem realizar, ao menos por um dia, dias, semana, um sonho de criança, ou possibilitarem as suas crianças, e durante horas, viverem o que assistiram em filmes na televisão. Assim, lição e aprendizado, se você é dos que pretendem atrair pessoas em busca de emoção, aventuras e realização de sonhos estranhos, e trabalha no território da hospitalidade, ter uma casa na árvore em seu hotel ou pousada é uma boa alternativa.
Inconveniente, os que comprarem esse tipo de hospedagem vêm uma vez, matam a vontade, e não voltam nunca mais. Sendo otimista, de cada 100, 1 volta uma vez. Agora, se você é desse mesmo território da hospitalidade, e quer conquistar e ter clientes para sempre se esmere nos serviços básicos da hospitalidade. E que passam por conforto, limpeza, simpatia, acolhimento, e entrega de felicidade...
De cada 100 pessoas, no mínimo 20, voltarão. Mais de uma vez...
Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing
famadia@madiamm.com.br