Quando falamos de cultura e diversidade, nem sempre conseguimos alcançar a potência que estes dois universos possuem em termos de criatividade, inovação, entretenimento e multiplicidade, e o quanto estão interligados, com um propósito que desafia preconceitos e estereótipos.

Desde os meus primeiros passos no mundo dos eventos, sentia falta de um festival que representasse as identidades e manifestações artísticas dos grupos minorizados que fazem parte da comunidade LGBTQIAPN+, que sempre foi marginalizada e invisível aos olhos do mercado, embora apresente uma riqueza cultural importantíssima para o mundo contemporâneo.

E, diante de uma inquietação pessoal e um desejo de contribuir para transformações significativas na sociedade, como publicitário, produtor cultural e DJ, decidi criar o Presença Festival, um evento plural que chega à terceira edição este ano, celebrando a diversidade, a equidade e a inclusão na cultura e nas artes e reafirmando o compromisso de promover a representatividade na cidade do Rio de Janeiro.

O festival se tornou um espaço de reconhecimento para mulheres, pessoas LGBTQIAPN+, pessoas pretas, pessoas de povos originários e pessoas com deficiências e me fez encontrar um lugar de ativismo que contribuísse com as causas que acredito e trouxesse também alegria, divertimento, respeito e conscientização. E é com música, teatro, cinema, literatura, exposições, dança e outras manifestações artísticas que dou espaço e protagonismo aos múltiplos talentos de artistas diversos de grupos minorizados, que querem apenas apresentar sua arte, de forma livre e independente.

Este tem sido o meu grande projeto de vida, pessoal e profissional, e também tem sido abraçado por grandes empresas e agências culturais que, por meio de patrocínios, ativações de marca, engajamento, ações concretas de DE&I (Diversidade, Equidade e Inclusão) e projetos possibilitam novas experiências, ou melhor dizendo, vivências, e se conectam com diferentes tipos de públicos, agregando ainda mais valor aos seus propósitos.

A interseccionalidade também se faz presente e entendemos que a luta contra o preconceito deve ser multifacetada e requer uma abordagem inclusiva. É justamente por meio da arte que podemos criar diálogos que transcendam as barreiras sociais e promovam a empatia e a compreensão.

Não é à toa que o festival abraça a cultura ballroom e traz à tona a história do movimento artístico de resistência, criado em Nova York por pessoas trans afro-latinas na década de 1970, com apresentações de bailes próprios, conhecidos como balls, que hoje ganham versões temáticas e inéditas. Neles, integrantes da comunidade LGBTQIAPN+ fazem performances e competições de dança, principalmente de voguing, estilo que ficou mundialmente conhecido com a música Vogue, lançada nos anos 1990 por Madonna. As balls são consideradas espaços de acolhimento e representatividade para muitos artistas, inclusive, e, no Brasil, tem ganhado mais notoriedade pela variedade de temas e conceitos apresentados.

E assim, cada vez mais, a diversidade se manifesta e comprova que é essencial para a cena cultural brasileira, mostrando uma visão de mundo mais inclusiva e compassiva que se traduz em manifestos de amor, aceitação e celebração da vida em todas as suas cores e formas.

José Menna Barreto é publicitário, coordenador de relações institucionais da Araucária Agência Cultural e idealizador e diretor artístico do Presença Festival