Não é fácil, assim de “bate pronto”, responder à pergunta que o propmark me propõe nesta coluna. Duvido que você, caro leitor, consiga identificar prontamente o que o inspira, seja na esfera pessoal ou profissional. E dá para separar essas duas categorias? Cada um segue sua batalha e acredito que todos enfrentamos altos e baixos. E foi essa inconstância da vida que moldou minha visão de mundo e a forma como sigo em frente. Não tem como não pensar e não valorizar a educação e os sacrifícios que meus pais enfrentaram para eu poder me tornar a pessoa que sou hoje. Não dá para ser diferente, eles são minhas maiores fontes de inspiração.
Eu posso dividir minha jornada de inovação pessoal, influenciada pela minha família, em três partes. A primeira começou quando meu pai foi à falência. Nós tínhamos uma vida confortável, mas de repente perdemos tudo. Aprendi que quando algo dá errado, todos são afetados. Mesmo que você não tenha causado o problema, é sua responsabilidade encontrar uma solução.
A segunda fase foi na adolescência, vivi em uma família de classe “quase média”, morando de aluguel e enfrentando despejos. Meu pai desempregado se esforçava para nos sustentar, apesar das dificuldades financeiras e conflitos familiares.
Mesmo assim, fui incentivado a estudar e trabalhar. Já trabalhei como office boy, garçom e recreador infantil, sim, já me vesti de Piu Piu, Frajola e Power Rangers. Já tive meu currículo negado em loja de roupa e até em lava rápido. Nunca nada foi fácil. Aprendi que inovação é adaptar-se e mudar conforme as dificuldades.
A terceira fase vem da época que entrei na faculdade e para o mundo profissional corporativo. Ingressei no ensino superior com dinheiro emprestado da minha irmã, trabalhando em telemarketing. No primeiro ano, acumulei dívidas, mas mantive o bom desempenho acadêmico para conseguir uma bolsa. Após 12 meses, meu pai negociou a bolsa e a dívida na faculdade. A partir da terceira etapa, pagava uma parcela da dívida anterior e uma atual, terminando cada ano com algumas parcelas em atraso até a formatura.
Aprendi que, apesar das circunstâncias, precisava focar em mim e não impor limites. Inovação requer rebeldia inicial e ausência de limites. Caso contrário, você se limita e deixa de fazer o possível.
Em todas as etapas da minha vida, aprendi que a nossa existência é repleta de oportunidades para ser criativo e deixar minha marca no mundo é uma das coisas que me faz levantar todos os dias. Acredito na importância de abraçar essas ocasiões com entusiasmo, pois é através delas que posso realmente fazer a diferença. Por isso, eu sempre defendo a ideia de que é preciso correr riscos e explorar novos caminhos, pois são nesses momentos de desafio que encontramos nosso verdadeiro potencial e descobrimos novas formas de crescimento e realização.
Eu estou sempre aberto a experimentar coisas novas - claro, ciente que isso é um privilégio -, pois sei que é assim que posso expandir meus horizontes. A criatividade é como um superpoder que nos permite enxergar o mundo de uma maneira única e encontrar soluções inovadoras para os desafios que enfrentamos. Ou em melhores palavras, a criatividade é um superpoder que não tem nada de superpoder. Todo mundo pode ter, todo mundo pode desenvolver.
Defendo firmemente que ser criativo não é apenas uma habilidade, mas sim uma mentalidade que pode ser nutrida e desenvolvida ao longo do tempo por todos nós. Por isso, sou inquieto, estou sempre na caminhada por novas possibilidades.
Eduardo Paraske é cofundador e sócio da consultoria de inovação 16 01 e Deboo. Professor e fundador do Tangibl3, curso de web3