Otimismo é a palavra que resume o humor do mercado publicitário brasileiro após a divulgação de duas pesquisas na semana passada. A primeira delas, realizada pelo Cenp-Meios, mostra que os investimentos em mídia cresceram 10,4% em 2023, na comparação com o ano anterior. O faturamento foi de R$ 23,4 bilhões, contra R$ 21,2 bilhões no mesmo período em 2022.
A avaliação é que 2023 foi um ano de retomada efetiva dos investimentos após a instabilidade causada pela pandemia. Em 2022, mesmo diante de aditivos como Copa do Mundo e Eleições, que geraram uma movimentação atípica no mercado publicitário, o crescimento total ficou na casa dos 7,6% no ano, três pontos percentuais a menos do que o recorte atual.
Para o Cenp (Fórum da Autorregulação do Mercado Publicitário), o avanço do mercado em 2023 aponta uma evolução consistente da indústria, também impactada por um momento econômico mais estável, o que é estratégico para a projeção dos investimentos ao longo deste ano.
“Os indicadores apontados pelo Cenp-Meios sinalizam a evolução consistente de uma indústria que dá fortes indícios de resiliência. Estamos diante de um novo momento econômico mais estável, que é um fator estratégico para a projeção dos investimentos ao longo de 2024”, disse Luiz Lara, presidente do Conselho do Cenp.
Olhando adiante, o ecossistema Fenapro/Sinapro realizou a pesquisa ‘VanPro’ junto a 309 agências de 20 estados e do Distrito Federal. Os dados, coletados em fevereiro último, mostram que a maioria das agências apresentou crescimento no ano passado e prevê perspectivas positivas em 2024.
Segundo o levantamento, 80% das agências acreditam em estabilidade ou crescimento de receita (valor pago às agências, excluídos os investimentos dos anunciantes). Entre as que cresceram, 30% tiveram um incremento de receita acima de 30% em 2023, comparativamente a 2022.
“A nova sondagem confirma a tendência de crescimento das agências em relação à receita e à percepção de estabilidade e de um futuro melhor para o setor”, afirma Daniel Queiroz, presidente da Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda).
Por fim, a percepção dos entrevistados sobre o futuro também teve melhora, se comparada aos anos anteriores. A quantidade de empresas que apontou as perspectivas de futuro como boas ou muito boas para os seus negócios foi de 70%, em comparação a 65% na primeira sondagem de 2023.
Páscoa
Reportagem de capa desta edição também mostra o otimismo da indústria de chocolates para a Páscoa neste ano, celebrada no próximo domingo (31). Para essa temporada, o mercado brasileiro produziu nada menos do que 58 milhões de ovos, 17% a mais que no ano passado, segundo a Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Cacau e Bala).
Já a estimativa da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo) é de um faturamento de R$ 3,44 bilhões provenientes de vendas da Páscoa, já considerando chocolate, bacalhau e vinhos.
O otimismo é puxado, sobretudo, pelo aumento do consumo per capita de chocolate do brasileiro, que passou de 3,6 kg para 3,9 kg em 2023. Para atrair os clientes, as marcas apostam em experiências únicas nos pontos de venda, além de campanhas criativas.
“A Páscoa ainda exerce relevância no comportamento da sociedade. As pessoas não abrem mão de celebrar, presentear e compartilhar esse momento tão simbólico para a nossa cultura e as marcas reconhecem que, mais do que produzir, elas precisam encantar e entregar experiências genuínas do PDV e loja virtual à mesa do almoço de domingo do brasileiro”, destaca Jaime Recena, presidente-executivo da Abicab.
Frase: “Dê a todas pessoas os seus ouvidos, mas a poucas a sua voz”.
(William Shakespeare).
Armando Ferrentini é publisher do propmark