As famílias brasileiras se reúnem para celebrar o Dia dos Pais no próximo domingo (10). Daqueles que se aventuram pela primeira vez na missão de educar seu rebento aos pais de gente crescida, o sentimento é o mesmo. Um imenso carinho, um amor inesgotável. Ainda não inventaram palavras para descrever a emoção de estar cercado por filhos e netos. E por lembrar da própria infância, nossa época de criança, que faz a mente vagar por lembranças inebriantes. É um laço que nunca se desfaz.

Mas a data inspira também um agrado. Menos pelo material e muito mais pelo afago no coração. É daqueles “presentes” guardados em lugar especial, uma lembrança inestimável. Quem nunca ouviu a famosa frase: “não precisava!”.

No fundo, os presentes acalentam a alma e, de quebra, aquecem o comércio. O Dia dos Pais de 2025 deve movimentar vendas da ordem de R$ 7,84 bilhões, de acordo com levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Se concretizado, esse deve ser o maior resultado alcançado desde 2014. Em relação ao ano passado, o crescimento projetado é de 3,2%, já descontada a inflação.

A publicidade gira junto. A roda vem desde 1953, quando o publicitário Sylvio Bhering, então diretor do jornal O Globo, instituiu a data no Brasil. Hoje, campanhas de O Boticário, por exemplo, levam emoção às telas.

Não à toa, está entre as marcas mais citadas de forma espontânea pelos consumidores que pretendem comprar presentes para os pais. TIM, Nike e Renner também aparecem no levantamento feito pela empresa de inteligência de dados MindMiners. De acordo com o estudo ‘Entre nós: Como as relações pessoais moldam o comportamento de consumo?’, 64% dos filhos brasileiros planejam celebrar a data.

Influenciada por vínculos afetivos, a decisão de compra abraça outro componente indelével. Diferentemente da época de Bhering, hoje os homens estão mais próximos e participativos na vida dos filhos. Trocam fraldas, preparam a comida e levam as crianças ao pediatra sozinhos, enquanto as mães, muitas vezes, estão embebidas no trabalho.

Inimaginável no passado, o avanço é notável. Impossível não admitir. E envolve a pluralidade das relações familiares.

Mas há entraves para um empurrão além das bolhas. Um deles está na Constituição, que ainda prevê um período de cinco dias para a licença-paternidade, podendo ampliar para 15 com a adesão das companhias ao programa ‘Empresa Cidadã’. Mães têm direito a 120 dias, prorrogados para mais 60 a depender de acordos.

Segundo a pesquisa ‘Radar da parentalidade’, realizada pela consultoria Filhos no Currículo em parceria com o Talenses Group e o Movimento Mulher 360, mais de 80% dos pais gostariam de ter licença-paternidade um pouco maior. Marcas como O Boticário lutam por isso. Mas enquanto a lei não muda, fica difícil imaginar uma mudança efetiva na grande massa de trabalhadores brasileiros.

A corrida dos homens não para aí. E não tem como saber se um dia chegarão primeiro. As mulheres ainda lideram as listas de presentes. O Dia das Mães permanece à frente com R$ 14,37 bilhões de vendas em 2025, um crescimento de aproximadamente de 1,9% em relação a 2024, segundo dados da CNC. É a principal data do primeiro semestre para o varejo. E costuma ser a segunda mais importante de todo o calendário comercial, atrás do Natal. Escrevendo sobre o Dia dos Pais, acabo homenageando as mães. Não dá para competir com elas.

Frase
“Meu pai me deu o maior presente que alguém poderia dar a outra pessoa: ele acreditou em mim” (Jim Valvano).

Armando Ferrentini é publisher do propmark