Há 50 anos, a única maneira de garantir alimentação para os habitantes da Terra eram doses cavalares de pesticidas e herbicidas. Uma merda, mas, o que tínhamos. Alternativa, morrer de fome. Nas guerras as pessoas alimentavam-se de ratos… Nenhum de nós, sob o domínio da fome, tem ideia do que é capaz de fazer. Capaz de comer. Agora, na Venezuela, catam as sobras nos caminhões de lixo. De 30 anos para cá, evoluímos. Novas e espetaculares conquistas como o CRISPR CAS9. Uma fantástica realidade. Intuído e anunciado através do pesquisador da Universidade de Alicante dr. Francis Mojica, em 1993, dominado em decorrência do Projeto Genoma Humano, em 2003, e a partir de 2012, as pesquisadoras Jennifer Doudna e Emmanuelle Charpentier comprovaram: é possível corrigir-se os erros da natureza como se estivéssemos realizando um prosaico remendo. Agora tesoura, agulha, dedal e linha para os necessários remendos ou correções. Para resgatarmos e cerzirmos a vida.

Quase que simultaneamente, nos Estados Unidos, como conta o dr. Drauzio Varella, o cientista Feng Zhang ligou e desligou um por um os 20 mil genes humanos presentes em células de melanoma maligno, com o objetivo de elucidar o mecanismo de resistência do tumor a determinadas drogas. A possibilidade de silenciar genes causadores de enfermidades genéticas encontra-se na próxima esquina. Amanhã. Assim, e depois da medicina curativa, depois da medicina preventiva, agora a medicina corretiva. Viveremos muito mais, com muito mais qualidade de vida. Mens sana in corpore sano. Novas e necessárias reformas da Previdência pela frente. Hoje temos e dominamos o mapa de todas as espécies. Sabemos como fomos construídos. E conseguimos corrigir os pequenos descuidos da natureza ou, quem sabe, de Deus… Em menos de 10 anos nenhum ser humano morrerá de fome. O mesmo CRISPR que corrige salvando vidas possibilita fartura e qualidade em todas as demais espécies. A maior revolução de todos os tempos na agricultura.

Teremos comida saudável e farta para todos. Em 1800, os quase 1 milhão de habitantes da Terra passavam fome. Muitos morriam de fome. Em 2100, os mais de 11 bilhões de habitantes só morrerão de fome se optar pelo suicídio. Vacinas para plantas como existem as vacinas para as pessoas. E essa vacina chama-se revolução pela conquista de todos os benefícios da transgenia, os tais dos alimentos transgênicos. Alimentos que sobrevivem e prosperam, não precisam ser regados de venenos químicos. Modificados, revelam-se o suficientemente fortes para enfrentar pragas de toda a ordem. E, mais adiante, nem mesmo será necessário modificar o DNA dos alimentos. Com as novas técnicas e conquistas, apenas procederemos às correções.

Mas, a multidão de ignorantes e desinformados, a mesma galera que é contra vacina e não vacina seus filhos, continua amaldiçoando os abençoados transgênicos, que estão evitando dezenas de milhões de mortes por fome nas diferentes partes do mundo. Neste momento, e essa a razão deste comentário, a grande discussão e perda de tempo maior diz respeito ao lançamento do feijão transgênico, uma nova e fantástica conquista da Embrapa. A Embrapa pretende ver sua conquista utilizada em todas as próximas plantações de feijão. Mas, ignorantes e inconsequentes bradam contra essa abençoada e redentora conquista. Na tentativa de atenuar a ação dos boçais, a Embrapa informa que sua mais nova conquista é um passo adiante e melhor do que as primeiras iniciativas na produção de alimentos transgênicos. Nesta nova geração de transgenia, a Embrapa esclarece que o feijão transgênico teve seu genoma alterado para estimular a reação da planta à infecção pelo vírus, mas nenhum gen estranho ao feijoeiro foi introduzido. Ou seja, estamos diante de uma das primeiras utilizações do CRISPR CAS 9 em todo o mundo, e numa espécie vegetal. Assim, tudo o que temos de fazer, mesmo, e de verdade, é comemorar e saudar a conquista. E parar de alimentar néscios, apedeutas e desocupados.

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing
(famadia@madiamm.com.br)