Este texto é o primeiro de 2023 e é escrito ainda sob o efeito da cerimônia de posse de um novo presidente para o nosso país. Não importa em quem votamos ou quais são nossas convicções políticas, ver cumprido o processo de posse de um novo presidente por vias absolutamente democráticas deve ser motivo de regozijo e de esperança para todos.

É ainda mais alvissareiro quando vemos manifestações dos dirigentes eleitos e de seus escolhidos para ministérios e secretarias cheias de comprometimento em tornar nosso país mais justo, respeitoso com todos seus moradores e em diminuir as desigualdades.

É também animador perceber uma atenção especial desses governantes às questões ambientais e climáticas. Completando o quadro animador, devemos destacar ainda as manifestações de desejo por mais ética e transparência na governança do nosso país e de nossos estados.

Enfim, puxando a brasa para minha sardinha, podemos afirmar que estamos vivendo um momento de valorização máxima dos princípios ESG por parte daqueles que ditarão os rumos do Brasil nos próximos quatro anos.

No campo do E (Environmental/Ambiental), por exemplo, existe uma quase euforia internacional pela assunção de compromissos de preservação e de recuperação ambiental por parte do governo brasileiro. O Brasil deve assumir de volta o papel de protagonista na área ambiental e isso tem sido comemorado internacionalmente.

Mais do que se ocupar com a preservação e a recuperação, nosso país tem uma oportunidade ímpar de se tornar um dos principais players desse importante jogo ambiental, com a possibilidade de trazer para o Brasil novas receitas, advindas dos créditos de carbono e da produção de energia limpa.

Já contamos com uma matriz energética exemplar, com mais de 80% oriundos de fontes renováveis, mas temos um potencial enorme de produzir uma nova modalidade de geração de energia que mostra-se como uma das mais promissoras, que é o hidrogênio verde. O hidrogênio tem quase o triplo da capacidade energética da gasolina e, o melhor, não deixa qualquer resíduo após o uso, além de água.

Você poderia perguntar: então por que não estão todos os países produzindo hidrogênio em grande quantidade para gerar energia limpa? O problema é que, para se obter hidrogênio, é necessária grande quantidade de energia para o processo de separação do H2 (hidrogênio) do oxigênio existente na água.

O processo de eletrólise exige muita energia e não faz sentido usar uma fonte suja (carvão e derivados de petróleo) para gerar energia limpa.

É aí que o Brasil se destaca: nós temos água em abundância e energia limpa. Isso nos dá uma vantagem competitiva na liderança mundial de produção de hidrogênio verde.

Mas será necessária uma política de estímulo para acelerar esse processo, já que os países mais desenvolvidos estão correndo para diminuir esse gap.

Os EUA, por exemplo, estão premiando produtores de hidrogênio verde (produzido com energia renovável) ou azul (obtido a partir do carvão ou combustíveis fósseis, mas com a captura e armazenamento do carbono emitido no processo) com incentivo de até US$ 3 por kg, o que é capaz de tornar viável sua produção por lá.

Precisamos correr e aproveitar nossas condições privilegiadas para liderar esse processo no mundo. Esperamos que o novo governo esteja consciente dessa oportunidade (já declarou que sim) e tome atitudes coerentes.

O momento, portanto, é de esperançar. Temos pela frente um curto prazo de turbulência, com todos ainda ressabiados quanto aos novos rumos do governo.

Mas temos também o direito de alimentar esperança por um novo momento para esse nosso país. Depois de tantos perrengues decorrentes da pandemia, é hora de esperançarmos por um ano próspero e feliz para os brasileiros. Que assim seja!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
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