No ano passado, 2021, entre 15 e 18 de junho, quatro dias, o Estadão promoveu o Summit ESG 2021. Como todos são testemunhas, e da virada do milênio não se fala em outra coisa.
O evento foi online, aberto ao público, gratuito, e teve como abertura e atração principal, como keynote speaker, John Elkington. Segundo a revista Business
Week, Elkington é o decano do movimento de sustentabilidade corporativa e há mais de 30 anos. Fundou e comanda uma empresa de consultoria sobre o tema, a Sustainability.
Quando, no entanto, confere-se os temas dos quatro dias de evento, em nenhum momento se faz qualquer menção à sustentabilidade essencial, sem a qual todas as demais tornam-se irrelevantes. Mais que irrelevantes, impossíveis de serem perseguidas, quanto mais, alcançadas. A sustentabilidade econômica.
No dia 15 falou-se sobre E, de Environment:
– “As próximas décadas serão pautadas pela redução das emissões dos gases de efeito estufa em todos os setores da economia”.
No dia 16 falou-se sobre S, de Social:
– “Os investidores estão cada vez mais interessados em saber como o terceiro
setor vem cuidando do social, tanto dentro quanto fora da empresa, na relação com os grupos sociais, principalmente aqueles que atuam na Amazônia e Mata Atlântica”.
No dia 17 falou-se sobre o G, de Governança:
– “A questão racial e de gênero e a integração do componente socioambiental são o que mostra se determinada corporação está antenada com as práticas do ESG em vez de fazer apenas o chamado marketing verde raso...”.
No dia 18 falou-se sobre Liderança Feminina e ESG:
– “Uma discussão sobre responsabilidade socioambiental, sustentabilidade e governança corporativa, na visão de líderes femininas dos mais diversos setores da economia...”.
E...?!!! Mas...?!!! Where is the Beef? Nada, absolutamente nada, sobre a essência, base inicial para a discussão de todos esses problemas ou desafio. A sustentabilidade econômica da empresa. Sua missão e dever social zero, que antecede a tudo e a todos os demais. Se a empresa não parar em pé, não há o que sustentar...
Apenas isso. Pior ainda, de ignorância inaceitável e monumental, a lamentável manifestação preconceituosa a respeito da ideologia da administração moderna, o marketing, segundo o criador da Administração Moderna, nosso adorado mestre e mentor Peter Drucker.
No anúncio, a referência injustificável e burra sobre um suposto e tal:
“Marketing verde raso...”.
Essas pessoas que assinaram esse programa não têm a mais pálida ideia do que estão falando. E, pior ainda, são ignorantes e preconceituosas. Não existe o tal do
marketing verde e raso. Existe marketing. O que equivocadamente chamaram de forma burra de marketing verde e raso é picaretagem, enganação, crime.
Os organizadores cometem o crime de difamação e injúria por não terem a coragem e a responsabilidade de dar o verdadeiro nome ao que tentavam descrever. Pra quem se diz e se posiciona como ESG, um péssimo começo.
Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing
famadia@madiamm.com.br