As temperaturas recordes observadas no verão do Hemisfério Norte e os desastres climáticos são provas irrefutáveis de que o aquecimento global é de verdade e não é uma ameaça para o futuro: já está acontecendo!

Dá para ficar indiferente à catástrofe na Líbia, com a expectativa de dezenas de milhares de mortos? Não precisamos ir longe. Aqui mesmo, no sul do nosso país, as chuvas fazem estragos sem precedentes.

No campo social, vemos a migração de milhares de refugiados, que procuram lugares menos inóspitos para viver, causando colapso em cidades sem estrutura para receber tantas pessoas necessitadas.

É o caso de pequenas cidades da Itália, que recebem mais migrantes do que sua população. Migrantes que chegam desnutridos, com problemas de saúde e carentes de uma atenção que essas cidades não conseguem suprir. Você consegue presenciar isso tudo de braços cruzados?!

É claro que nós não temos condições de ajudar especificamente essas mazelas que citei, mas há muito que podemos fazer no nosso dia a dia.

A simples mudança de hábito pode ser um começo. Nas pequenas atitudes. Usar água e energia racionalmente, gerar menos lixo – e dar destinação adequada aos resíduos inevitáveis.

Consumir com mais consciência e evitar produtos acondicionados em embalagens nocivas ao meio ambiente, por exemplo. Fico p. da vida ao ver, por exemplo, produtores de maçãs e outras frutas colocando adesivos nos seus produtos.

Esse pequeno adesivo, que não agrega nada ao produtor (a marca é quase ilegível), causa um grande estrago ao ser descartado, indo parar em lixões, rios e mares. O resto da fruta se degrada rapidamente no meio ambiente.

Mas o adesivo plástico demora centenas de anos para se degradar. Depois que você morrer, aquele “inofensivo” plástico ainda não terá se degradado – terá virado microplástico e ido parar no estômago de um peixe, que, por sua vez, será consumido por nós, que absorvemos esse microplástico no nosso organismo.

Você poderá dizer que é exagero, mas pense nas tantas embalagens que usam plástico por aí. O que podemos fazer? Começar escolhendo produtos de empresas conscientes, que usam insumos e embalagens ecologicamente corretos.

Ao comprar sachês de chá, por exemplo, evito aquelas embalagens que, além da caixa que abriga os saquinhos, os embala um a um com um envelope plástico. Onde vão parar essas embalagens plásticas individuais? Nos lixões, com grande chance de ir numa enxurrada para os rios e mares.

Numa pesquisa do Edelman Group – Trust Barometer, de 2021, 74% dos consumidores se sentiam com poder de forçar as empresas a mudar seus métodos que não estão em conformidade com as práticas conscientes e sustentáveis.

É assim que podemos mudar o mundo: forçando as empresas a repensarem seus métodos, processos, insumos e embalagens.

Se a gente não comprar, a empresa é obrigada a encontrar soluções satisfatórias. Eu sou do tempo em que refrigerantes eram comprados em embalagens retornáveis. As garrafas eram trocadas no ponto de venda – levávamos a vazia e trocávamos pela cheia.

É uma logística complicada? Sem dúvida! Mas superpertinente nos dias de hoje. Tanto é que há fabricantes testando a volta das embalagens retornáveis.

Também sou do tempo de compras a granel. Arroz, feijão e outros produtos eram apresentados em sacos rústicos, de onde o varejista coletava a quantidade desejada, que era acondicionada num saco de papel. É claro que o descartável é muito mais prático!

Mas, de repente, o método mais simples e básico pode ser chic nos dias de hoje. Voltarmos ao tempo dos empórios, dos secos e molhados... Não à toa a Whole Foods, adquirida por Jeff Bezos (Amazon), é o varejo alimentar que mais cresce nos Estados Unidos. Basic is chic! Simple is beautiful!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
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