Muitas vezes, inspiração se apresenta como algo etéreo, que brota no mesmo campo da imaginação e alimenta a criatividade rumo à inovação. Sim, pode ser. Mas também pode ser um conceito mais próximo da praticidade, ligado à ação.
Para mim, trabalhar e ver os resultados positivos de projetos desafiadores é inspirador. Pode parecer objetivo demais, mas o que me motiva a ir adiante é o desafio a ser resolvido, o resultado conquistado. Caminho com os olhos focados na linha de chegada. Esse movimento me dá força e me impulsiona rumo ao próximo passo, a fazer cada vez mais e melhor, a me reinventar.

Sou uma pessoa bem normal e constante, bem “preto no branco”, sabe? Sou casada há 30 anos, tenho dois filhos jovens adultos e trabalho na área de marketing desde o início da minha carreira. Meu projeto de vida sempre foi, em geral, planejado e calculado. Avalio onde estou, onde quero chegar e quais caminhos posso seguir. Obviamente, recalculo a rota muitas vezes, lidando com os altos e baixos naturais da vida.

Tanto em casa, como no trabalho, o que me move é a obstinação para ver a construção e o resultado de algo maior, algo que – com a minha participação – tenha ficado melhor. Envolver as pessoas no projeto e ver como cada uma se desenvolve e a riqueza das contribuições individuais e coletivas me encanta! E me mobiliza! Como um artista plástico que esboça, traça e concretiza sua obra de arte, procuro sistematizar passos, organizar processos e acionar talentos para alcançar objetivos. Porém, fora do mundo romântico, é preciso ponderar sobre quando atingir a perfeição máxima e quando esta não se faz tão necessária – ou quando essa busca pode ser improdutiva. Aí, entra novamente minha praticidade. Lembrando do ditado “o excelente é inimigo do ótimo”, ou seja, ponderando quando perseguir o excelente e quando se satisfazer com o bom.

No âmbito familiar, meu objetivo cego – assim como o do meu marido –, era formar pessoas sólidas, de valor, confiantes e perseverantes. Embora meus filhos estejam ainda no princípio da vida adulta, tudo indica que o alicerce foi bem construído e a missão está sendo cumprida. Mas, como as tarefas de mãe nunca acabam, o projeto “filhos” está em outro estágio. Agora, há mais troca de experiências. Por enxergarem o mundo de uma forma diferente da minha, eles me atualizam e me revigoram. E esses novos aprendizados se amplificam para outras esferas.

Levo para a vida profissional esse novo olhar e incorporo à minha obstinação em estabelecer bases para desenvolver projetos vencedores que sejam um aprendizado para um próximo, que sempre será mais desafiador. Desistir, jamais!

Há quatro anos, por exemplo, iniciei um novo projeto em que ainda não obtive o resultado esperado. Iniciamos com um formato, mudamos tudo e recomeçamos. Consultei especialistas globais da empresa em Londres, chamei parceiros, novos fornecedores... Até meados de 2022, nada. O mundo B2B é desafiador! Porém, como afirmei anteriormente, eu não desisto. No ano passado, a semente começou a brotar e, mais uma vez, vejo que a obstinação, o questionamento e um olhar atento à mudança de rota eram os ingredientes que precisávamos. Esse movimento me inspira, e percebo que também inspira as pessoas que trabalham comigo.  Em 2023, tenho certeza de que colheremos os frutos da nossa vitória.

E, quando o resultado chegar, começarei a buscar o próximo projeto que vai me desafiar e me inspirar. Certa vez, uma profissional de RH exclamou: “Larissa, nunca vi alguém morrer tanto na praia, levantar e nadar tudo de novo tantas vezes como você!”. Eu sou assim mesmo. O jogo só termina quando acaba.

Larissa Aranha é diretora de marketing e comunicação da JLL