Um bom companheiro não falta. Está sempre lá, pronto para ouvir, defender e compartilhar o fardo de situações adversas. Mas também divide conquistas. Chora e sorri junto.
A nova geração de líderes da propaganda traz uma leva de bons companheiros inspirados por célebres duplas brasileiras de coliderança. Mas não se trata apenas de juntar duas pessoas. A agência precisa ter o DNA da cogestão encrustado na sua cultura.
Sergio Gordilho e Marcio Santoro na Africa Creative; Paulo Loeb e Fernand Alphen na Fbiz; Carol Boccia e Diego Alonso na BETC Havas; e Icaro Doria, Pipo Calazans e Thomas Tagliaferro na DM9 endossam o modelo erguido por Marcello Serpa e José Luiz Madeira na Almap; Nizan Guanaes e Affonso Serra na DM9; Luiz Lara e Jaques Lewkowicz na Lew’Lara; e Roberto Duailibi, Francesc Petit e José Zaragoza na DPZ, só para elencar alguns exemplos.
Entre jovens talentos e nomes consagrados, está a genialidade de Washington Olivetto. Ninguém pode negar.
Ele partiu cedo demais. Deixou-nos na tarde do domingo, dia 13 de outubro, aos 73 anos. Fica a saudade, as nossas homenagens e o respeito ao homem que popularizou a propaganda no Brasil e que apresentou a propaganda do Brasil para o mundo.
Quanta sensibilidade para falar do primeiro sutiã de uma menina. A marca Valisère até hoje é lembrada pelo filme primoroso interpretado por Patrícia Lucchesi.
Quanto humor para transformar uma simples esponja de aço na marca Bombril com o ator Carlos Moreno, um dos garotos-propaganda há mais tempo no ar.
Quanta lucidez para falar da manipulação perversa de Hitler no filme criado para o jornal Folha de S.Paulo, em 1988. “É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade”, avisava a locução.
E como era divertido ver dois cachorros disputando corrida. O grandão, sempre derrapava na curva. Habilidoso, o pequenino ficou para sempre conhecido como o cãozinho da Cofap. É daqueles filmes que a gente não se cansava de ver. Fez da Cofap uma das marcas mais conhecidas de amortecedores. Ficou gravado na lembrança de quem assistia aos comerciais da década de 1990.
Não faltou paixão também. A de Olivetto pelo Corinthians é algo que só
entende quem guarda um time no coração, qualquer que seja, e sabe as dores e louvores vivenciados a cada lance. Transpõe época. O amor é maior que o próprio time. Olivetto foi vice-presidente de marketing do clube, montou a Democracia Corinthiana, escreveu dois livros sobre o “bando de loucos” e ganhou homenagem em enredo da escola de samba Gaviões da Fiel, no Carnaval de 2013. Com direito a desfilar na avenida. O mote era “Ser fiel é a alma do negócio”.
E não sobrou reflexão no filme ‘A semana’, para a revista Época, único trabalho brasileiro que venceu o Grand Clio de Film, no ano de 2001. “Para a esperança, sete novas manhãs”, chamava Olivetto.
Um gênio. Sabia vender, construir marca e pautar a roda de conversa dos brasileiros.
Infinitas novas manhãs o aguardam. Infinita será a sua presença e ensinamentos.
Frase: “Precisa ser muito competente para ser vaidoso.” (Washington Olivetto)
Armando Ferrentini é publisher do propmark