Em meio ao avanço da IA, da digitalização e da hiperconexão global, há algo que permanece inadiável e essencial: o enfrentamento das mudanças climáticas e a construção de um modelo de desenvolvimento realmente sustentável.

Três datas se destacam nesse calendário de urgências e oportunidades: 2025, 2030 e 2050. Mais que marcos temporais, elas representam escolhas civilizatórias. E o Brasil, nesse enredo, tem um papel central.

O ano de 2025 marca a realização da COP30 da ONU sobre mudanças climáticas, a ser sediada em Belém-PA.

Pela primeira vez, a principal reunião global sobre o clima ocorrerá na Amazônia brasileira — o maior bioma tropical do mundo, lar de uma biodiversidade inestimável e símbolo das esperanças e contradições ambientais do nosso tempo.

Será uma oportunidade ímpar para o Brasil liderar o debate climático global, não apenas como anfitrião, mas como exemplo de soluções reais. O país detém uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta, com predominância de fontes renováveis.

Além disso, possui vastas áreas verdes, fundamentais para a captura de carbono e para o mercado de créditos de CO2, além de um imenso potencial ainda pouco explorado na bioeconomia.

A COP30 pode ser o momento de reposicionar o Brasil como potência verde, pavimentando uma estratégia de desenvolvimento sustentável que combine conservação ambiental, valorização dos povos originários e inovação econômica baseada na natureza.

A vitrine será global — mas os benefícios serão locais e duradouros. 2030 –  O prazo dos ODS e o balanço daquilo que (não) avançamos.

Estabelecido em 2015 pela ONU, o ano de 2030 é o prazo-limite para o cumprimento dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) — uma agenda que propõe erradicar a pobreza, reduzir desigualdades, garantir educação de qualidade, promover energia limpa e agir contra a mudança climática, entre outras metas. Estamos, porém, a poucos anos desse marco e já sabemos: não alcançaremos os ODS plenamente até 2030. Muitos países enfrentam dificuldades políticas, econômicas ou estruturais para cumprir suas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas).

Os indicadores mostram lentidão no avanço, e o mundo tenta se reorganizar em meio a guerras, inflação, insegurança alimentar e migrações, além do negacionismo do governo dos EUA.

2030 será o momento de repensar metas, revisar compromissos e reconstruir a ambição global com base em aprendizado e cooperação multilateral. Se os objetivos não forem alcançados, que ao menos se crie um novo ciclo com mais realismo e mais vontade política.

2050 – A urgência do Net Zero. Por fim, chegamos ao ano de 2050, que representa o horizonte crítico para a humanidade: é o prazo estabelecido por cientistas, acordos climáticos e pelo Acordo de Paris para que o mundo alcance a neutralidade nas emissões líquidas de gases de efeito estufa.

Conseguiremos? Ainda há tempo? A resposta depende do que fizermos hoje e nos próximos anos.

Cada atraso nas ações climáticas aproxima o planeta de um ponto de não retorno, quando os danos se tornam irreversíveis — eventos extremos, aumento do nível dos oceanos, desertificação, colapso da biodiversidade e riscos à segurança alimentar e à saúde global.

2050 parece distante, mas as decisões tomadas agora moldarão essa trajetória. O mundo precisa encarar esse objetivo com a seriedade que ele exige.

Net Zero não é uma meta simbólica. É uma linha de chegada que define se ainda teremos uma corrida para disputar no futuro.

Essas três datas não são apenas marcações no calendário. São chamados à ação. O Brasil, com suas riquezas naturais e sua diversidade sociocultural, pode e deve liderar a transição para um novo modelo de desenvolvimento.

Não há mais espaço para discursos vazios nem para promessas sem plano. O planeta não pode esperar. As futuras gerações dependem do que fizermos agora. O tempo não para!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br