Escrevo este artigo ainda sem saber o resultado das eleições. Espero que a minha escolha tenha prevalecido, mas, independentemente do resultado, espero mais ainda que entremos em regime de normalidade, sem as discussões e os golpes baixos das campanhas e com uma visão pragmática de que o que vale, a partir de agora, é tocar a vida da melhor forma.

Desejo que as comemorações ou a lamentação pelo resultado das eleições deem lugar à ação concreta das empresas, partindo para o planejamento 2023. O Brasil é resiliente e já passou por crises de todos os tipos.

Ouvi de alguns amigos que, dependendo do resultado, a vontade é ir para outro país. Espero que pensamentos como esse sejam substituídos por aquela máxima: “Sou brasileiro e não desisto nunca”.

Bora assumir o planejamento para o próximo ano com uma visão que extrapola o que se passa nos palácios dos governos! Mas não deixe de prever a sua atuação para um Brasil (e um mundo) melhor. Uma atuação pautada pelas novas (nem tão novas assim) premissas do capitalismo consciente e pelos princípios ESG.

Tenho repetido inúmeras vezes e lá vou eu de novo: uma atuação empática e sensível aos problemas do país e da humanidade não implica em abrir mão do lucro e de uma postura agressiva no mercado. Devemos ver a agressividade nos negócios como algo positivo, desde que não agrida o meio ambiente e os direitos dos colaboradores e demais stakeholders.

Repito: o lucro não é excludente de uma atenção pelo bem das pessoas e do planeta. Ao contrário, pesquisas demonstram claramente que as empresas alinhadas com os princípios do capitalismo consciente e do ESG são mais lucrativas e geram mais valor para seus acionistas.

A prática do conceito do Triple Bottom Line, apregoado pelo consultor inglês
John Elkington, é mais do que conveniente e urgente.

Só para relembrar: o triple bottom line propõe que as empresas busquem um resultado positivo baseado em 3 P’s: Profit (Lucro), People (Pessoas) e Planet (Planeta). E ESG é o acrônimo formado por Environmental (Ambiental), Social e Governance (Governança). A somatória desses conceitos resulta em algo bom para todos, indistintamente.

Não é possível que os dirigentes empresariais continuem insensíveis aos riscos de um planeta assolado por desastres naturais decorrentes do aquecimento global e da inaceitável desigualdade ainda presente no mundo, com pessoas passando fome e sofrendo preconceito, além do alijamento social de grupos não pertencentes à classe dominante.

Por isso, fica aqui a minha torcida de que deixaremos para trás, o mais rápido possível, as intermináveis discussões da polarização dos candidatos e as famigeradas fake news para pensar na viabilidade e perenidade dos nossos negócios. E esse desejo não é só meu, certamente.

Imagino que seja também sua aspiração. Portanto, faça o seu planejamento para 2023 com a confiança de depende de nós, empresários e profissionais, a criação de um ambiente de negócios positivo e próspero.

Coloque ingredientes de respeito e empatia nas suas ações para o ano que vem e tenha a convicção de que tais premissas positivas permearão todos os ambientes como um tsunami do bem.

O mundo assinou um pacto para evitar que cheguemos a um ponto de não retorno quanto aos riscos de um aquecimento global que ultrapasse a marca de 2°C.

Meu desejo é que os empresários assumam para si esse pacto e o estendam para as questões sociais e de governança. As pessoas (entre elas, seus clientes) mais conscientes e críticas (em número cada vez maior) cobram isso das empresas.

Mas não pensemos nisso como cobrança. Pense que está nas nossas mãos a criação de um mundo melhor. Basta querer! Portanto, esse Brasil pós-eleições será o país que queremos que seja. Nós temos o poder de fazer acontecer, independentemente dos escolhidos para governar. Bora lá!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br