Deu no Advertising Age da semana passada que grandes empresas americanas cada vez mais estão considerando entregar a sua conta publicitária para agências independentes. Carinhosamente, o jornal da Madison Avenue diferencia essas agências dos grandes grupos multinacionais chamando-as de “small agencies”.

Por dois anos, 2020 e 2021, a T&S foi premiada pela Advertising Age como uma das melhores nessa categoria, que já reconheceu também empresas como Mischief, Uncommon e Slap Global.

O texto do repórter Ewan Larkin cita Haagen-Dazs, Liberty Mutual Insurance e GM, que recorreram recentemente a agências independentes procurando uma qualidade maior e uma interlocução mais qualificada para seus desafios estratégicos.

A reportagem cita um relatório em que foram ouvidos CMOs importantes, e 61% dos entrevistados disseram que a terceirização era melhor para a qualidade criativa.

Os departamentos de marketing norte-americanos buscam velocidade, senioridade e comprometimento das suas agências. E topam mudar, aceitam os riscos de considerar outros players.

Mas, que riscos seriam esses?

Bem, não existe motivo racional para que grandes empresas não convidem agências independentes para seleção de parceiros estratégicos de comunicação.

A diferença qual seria?

Seriam as ferramentas? Mas essas foram democratizadas com a inteligência artificial (IA) e outras estão disponíveis para serem adquiridas e utilizadas. Não existe mais uma caixa de pandora. Todos os segredos foram revelados.

Seriam os dados? Provavelmente não, pois hoje a profusão de dados é gigantesca e acessível. No fundo, a nossa indústria se trata de criatividade e muita estratégia. Para perder o medo, basta pedir para ver as credenciais da agência e o trabalho do dia a dia e comparar. Você vai se surpreender.

Não há motivos racionais para as grandes empresas brasileiras, ou aquelas que querem se tornar grandes empresas brasileiras, não trabalharem com agências independentes brasileiras. Afinal, foi apostando em empresas brasileiras de comunicação que elas se tornaram grandes marcas.

Até mesmo a cobertura regional já não é mais uma grande fragilidade das empresas independentes, visto que existem hoje grupos como a The Net Work One, de Londres, que formalilza processos de cooperação entre agências no mundo todo.

Nós, da Tech&Soul, já trabalhamos em conjunto com uma agência de Londres, para um projeto de cliente global deles; enquanto já atuamos na América Latina com agências regionais de outros países para cliente brasileiro nosso. Funciona muito bem.

Esse despertar do marketing global vem da constatação de que um grande cliente precisa de uma grande agência para deixar sua marca nas marcas.

Interesse, obsessão por resultados, criatividade, originalidade e agilidade são a base de negócios de uma agência independente e não a exceção.

Flavio Waiteman é sócio e CCO da Tech&Soul
flavio.waiteman@techandsoul.com.br