Recentemente, ouvi um profissional do mercado afirmar que o investimento publicitário estaria migrando do digital de volta para o offline. A afirmação me despertou curiosidade, e decidi buscar dados concretos para entender melhor essa tendência. Afinal, estamos realmente presenciando um movimento de retração no digital ou, na verdade, um cenário de transformação e consolidação?
Os números mostram que, longe de perder espaço, o marketing digital no Brasil segue em forte expansão. Em 2019, o investimento no setor girava em torno de R$ 20 bilhões, crescendo para R$ 23,7 bilhões em 2020 – um aumento impulsionado pelo crescimento do consumo online durante a pandemia. Em 2021, os aportes chegaram a R$ 30,2 bilhões, e, embora o ritmo tenha desacelerado nos anos seguintes, os valores continuaram subindo: R$ 32,4 bilhões em 2022 e R$ 35 bilhões em 2023.
O grande marco veio em 2024, quando, pela primeira vez, o investimento em marketing digital ultrapassou o destinado à TV aberta. Para 2025, as projeções apontam para valores entre R$ 37 bilhões e R$ 42 bilhões, com um crescimento anual estimado entre 5% e 10%.
Esse avanço significativo foi impulsionado por três fatores principais:
- Mídia Programática: A automação da compra de mídia tornou as campanhas mais eficientes e escaláveis, com destaque para os formatos mobile e vídeo.
- Redes Sociais: Com um alcance massivo e forte engajamento, especialmente em formatos de vídeo, passaram a representar mais da metade dos investimentos digitais.
- E-commerce e Retail Media: A pandemia acelerou a digitalização do consumo, impulsionando investimentos em mídia dentro de marketplaces e plataformas de varejo, que hoje já representam cerca de 7% do total da publicidade digital.
Além disso, desafios como mudanças nos algoritmos, o tão prometido (e não cumprido) fim dos cookies e a implementação da LGPD levaram as marcas a adotarem novas tecnologias, como inteligência artificial e aprendizado de máquina, garantindo mais eficiência e personalização nas campanhas.
Portanto, o que os números realmente mostram é que o digital não está perdendo força, mas sim evoluindo e se consolidando como o principal canal publicitário no Brasil. Com estratégias cada vez mais sofisticadas e integradas, ele se mantém como peça-chave para o futuro da comunicação das marcas, e tudo indica que essa tendência continuará até 2025 e além.
Allex Baptista é CEO do Grupo IMM e da Ada Influencers