Todos estamos habituados em medir a riqueza de um país pelo tal do PIB – Produto Interno Bruto. PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos por um país em um ano. O PIB do Brasil em 2022 foi de R$ 9,9 trilhões. É uma forma de se avaliar a performance econômica de um país, analisando sua evolução.

Se o PIB aumenta de um ano para outro, é um bom sinal. O índice serve também para nortear os investimentos de um país. Mas e o FIB, você conhece? FIB é Felicidade Interna Bruta. Tive contato com esse conceito umas duas décadas atrás por meio de Susan Andrews, antropóloga e psicóloga pela Harvard, doutora em psicologia transpessoal.

Susan mudou-se para o Brasil em 1992 e coordena o Parque Ecológico Visão Futuro, em Porangaba, interior de São Paulo. Trata-se de uma ecovila, onde estive para participar de um programa de detox físico e mental, aliás, uma experiência inesquecível. A carismática americana era a coordenadora do FIB no Brasil.

Confesso que há muito não ouço falar dela, nem no conceito. Foi em 1979 que o rei do Butão, hoje um país de 765 mil habitantes, declarou que não mais trabalhariam com as medidas do PIB (Produto Interno Bruto), mas sim com o FIB (Felicidade Interna Bruta).

No Butão nos anos 1980, o rei Jigme Singye Wangchuck, ao responder a uma pergunta de um jornalista sobre o PIB daquele país, declarou que no Butão o que realmente importava não era o PIB, mas o FIB.

De lá para cá, a  liderança do Butão tem assegurado que os princípios básicos do FIB sejam continuamente aplicados, com atendimento médico e educação gratuitos para todos, proteção ambiental, uma distribuição relativamente equitativa da renda, governança justa, e uma profunda cultura espiritual que promove tanto o bem-estar interior quanto o sucesso material externo.

Seguindo esses princípios, o Instituto Visão Futuro desenvolveu um programa para empresas chamado Transforma, para aumentar a harmonia interpessoal no local de trabalho.

Para Susan Andrews, o FIB era um upgrade do triple bottom line (lucro, pessoas e planeta), que cito tanto nos meus artigos. Hoje, acho que a experiência especial que vivenciei com Susan Andrews no Parque Ecológico Visão Futuro foi responsável por me abrir para os conceitos que hoje desaguam no ESG.

Volto agora ao tema trazendo mais um conceito: o PVB – Produto Verde Bruto. Achei que havia criado um novo conceito, mas descobri que a ideia de medir a riqueza verde do país foi objeto de uma lei, criada em 2017, a Lei 13.493. Pela lei, foi criado o conceito de PIV – Produto Interno Verde.

A ideia era criar mais uma ferramenta para o levantamento do montante ecológico nacional que, muito além de servir apenas de comparativo com outras nações do planeta, serviria de base para programas de conservação e restauração ambiental visando ao desenvolvimento sustentável. Uma boa ideia que, aparentemente, está só no papel, já que nunca mais ouvi algo a respeito.

Pois bem, eu vejo agora uma total conexão entre esses conceitos e um potencial enorme dessa sopa de letrinhas. No Brasil, estou convencido de que para o PIB ter efeito no FIB, é preciso passar pelo PIV.

Ou seja, precisamos urgentemente focar no nosso PIV (Produto Interno Verde) para aumentar o PIB (Produto Interno Bruto), mas dentro dos conceitos do FIB (Felicidade Interna Bruta).

De nada adiantará fazermos crescer o PIB se não houver reflexos significativos no bem-estar das pessoas, no sentimento de felicidade. O Brasil já foi considerado um dos países mais felizes do mundo.

Hoje, estamos na 25ª posição. Nosso otimismo também caiu significativamente na medição do Trust Barometer 2022.

Ao reagirem à afirmação “Eu e minha família estaremos melhores daqui cinco anos”, o Brasil teve uma das maiores quedas: 15%. Precisamos recuperar nosso nível de felicidade. E o caminho me parece totalmente verde.

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br