Desnecessário salientar a importância da educação para desenvolvimento de um povo. Temos exemplos exuberantes no mundo, de países que deram saltos de qualidade de vida graças a um foco especial na educação. Mas, apesar de óbvio, não temos conseguido avançar minimamente no Brasil.
Ao contrário, temos tido uma sucessão de incompetência, que passa pelo descaso e pela incapacidade mesmo de levar adiante um projeto de melhoria constante, que nos leve a um patamar mais digno nos critérios relacionados ao nível educacional do país.
No Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) 2022, o Brasil ficou na vergonhosa posição 53, entre 65 países. Por isso, nos enchemos de esperança ao presenciar o sucesso de um evento dedicado à leitura no Brasil.
Refiro-me à Bienal do Livro, onde estive na semana passada. E desta vez, minha visita foi especial: fui coautor de um livro sobre ESG (‘ESG nos eventos’) e tivemos nossa noite de autógrafos lá.
O livro é uma iniciativa da Conecta Eventos, que reuniu visões complementares, conseguindo viabilizar um conteúdo bem completo sobre o tema. A mim, coube tratar dos conceitos e história da sigla ESG, até chegar na aplicação em eventos.
Mas, independentemente da minha experiência especial na Bienal 2024, como é bom ver um evento dedicado ao livro ter tanto sucesso no Brasil. Ver crianças, jovens e adultos lotando os corredores do evento é, portanto, uma sensação muito boa.
Sei que essa não é a realidade do nosso país. A Bienal, apesar do grande público presente, é uma amostra pequena.
Ainda temos problemas crônicos com o desenvolvimento educacional no Brasil. Mas é reconfortante ver esse interesse pela leitura.
Uma das compradoras do nosso livro, que foi pegar seu autógrafo, estava com a filha de 13 anos, que diz ter lido nada menos de 30 livros este ano. Wow! Confesso que estou muito aquém disso.
No dia a dia, temos tanta leitura profissional a cumprir, que não resta muito tempo para uma leitura não obrigatória, prazerosa. Tenho um backlog de leitura enorme, com livros que pretendo ler, mas vou adiando.
Mas, de qualquer maneira, cumpro um ritual de aprimoramento constante, que me obriga a ler estudos, artigos e referências todos os dias.
Então, leio muito, embora restrito ao campo profissional. Independentemente da minha experiência pessoal, me anima ver o ambiente da Bienal.
Ficamos com a esperança de ver brasileiros lendo mais, esquecendo a polarização ridícula que vem nos assolando e abrindo a cabeça para novas ideias, fora da bolha, deixando de ser vítimas de influência perniciosa da opinião de oportunistas, que se aproveitam dessa falta de educação (no sentido mais amplo do termo) para incutir falsas verdades.
De todo o esforço que temos feito para enfatizar os benefícios de uma aplicação dos critérios ESG nas empresas e instituições, o estímulo à educação e ao hábito da leitura são dos mais benéficos para incrementar o lado S da sigla.
O desenvolvimento social depende fundamentalmente de uma boa educação, abrangente e acessível.
É claro que há ODS mais urgentes e vitais como os ODS1 (Erradicação da Pobreza), o ODS2 (Fome Zero) e o ODS3 (Boa Saúde e Bem-Estar), mas na sequência vem um dos ODS mais transformadores: o ODS4 (Educação de Qualidade).
Acho que todos nós, que tivemos acesso a uma boa educação, temos a obrigação de facilitar o acesso àqueles que, por qualquer motivo, não tiveram a mesma oportunidade.
Da minha parte, além de atuar para garantir educação e boa formação àqueles mais próximos do meu círculo de relacionamento, tenho procurado estender minha modesta contribuição, escrevendo e ampliando conhecimento nos temas que detenho maior conhecimento.
Se todos contribuirmos um pouco, viramos esse jogo!
Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4