Sempre fui movida a desafios. Desde criança eu vivo a dinâmica de encontrar forças ainda desconhecidas para enfrentar as dificuldades. Tive de sair de casa muito cedo, aos 16 anos. Já naquela época a tarefa de encontrar onde e com quem morar era única e exclusivamente minha. Nem de longe foi fácil.

Mas, uma vez superada a fase do medo do desconhecido, eu percebi que automotivação é uma característica forte da minha personalidade. E foi a isso que me agarrei para chegar onde cheguei. Já na adolescência entendi que, quando sei qual é a meta, eu acho um caminho para chegar até ela.

Assim segui na jornada da minha carreira. Cada vez que eu enxergava uma oportunidade de avançar mais um passo, corria em busca de formação que me trouxesse as competências necessárias para eu desempenhar a função com o máximo de excelência.

Quando me dei conta de que a faculdade em administração de empresas e o MBA em estratégia empresarial já não eram suficientes para eu alçar novos voos, incluí o marketing na minha formação.

Ao atuar como executiva em empresas investidas de fundos de private equity, passei a ocupar uma posição no board das companhias. A solução? Matricular-me
em um curso de governança corporativa. Uma dessas empresas que ajudei a alavancar era um e-commerce, e, claro, também fui estudar marketing digital. Sou dessas. Se não tenho o ferramental necessário, trato de ir atrás.

Minha caminhada profissional é plural, com perfil voltado ao consumidor, o que me trouxe flexibilidade e permitiu ter um olhar apurado e capacidade de análise onde houvesse oportunidade de negócio ou potencial.

Graças a essa bagagem diversificada, foi possível entender o tamanho dos meus medos e entregar minhas potencialidades.

Com a Antonina Contemporânea, empresa de semijoias que fundei em 2016, não é diferente. No início do negócio, eu mesma levava uma mala cheia de peças para vender no churrasco com amigos e nos salões do bairro onde moro.

Ouvia as pessoas dizendo pelos cantos que eu havia dado um downgrade na carreira. Mas nunca me incomodei. Afinal, eu sabia por que estava fazendo aquilo, tinha claro onde chegaria com a minha marca.

Essas mesmas pessoas foram as que me parabenizaram na inauguração da minha primeira loja física em shopping, aberta em um tempo recorde de 15 dias. Logo veio a segunda loja, também em shopping, que sofreu a dor da pandemia três meses depois de inaugurada. Chorei por três dias, confesso. Mas, como eu
sempre digo, meu fundo do poço tem mola. Com o apoio do meu marido, que tem a fotografia como hobby, passei a acordar todos os dias da pandemia às 6h para me arrumar, me maquiar, escolher um acessório para o dia e fazer fotos e vídeos. Também entrava em live diariamente no Instagram, às 19h.

Dessa forma, eu, inspirada pelo meu propósito, passei a ser a inspiração para milhares de mulheres. Rapidamente, o perfil da marca alcançou mais de 100 mil seguidoras e as vendas dispararam.

Elas próprias me escreviam dizendo que eu era a fonte de boas notícias, no meio de tanta informação pesada que recebíamos no pico da Covid-19. E mais uma vez minha motivação foi renovada, agora devido à receptividade do público.

Estar com elas diariamente durante a pandemia, estimulando-as a buscar boas notícias, a querer se arrumar mesmo sem sair de casa e a manter uma rotina de cuidados passou a ser meu objetivo naqueles dias sombrios.

Foi um acolhimento mútuo que ainda rende frutos para a Antonina Contemporânea (hoje com mais de 460 mil seguidoras só no Instagram).

Marluce Rosado é fundadora da marca Antonina Contemporânea