Houve um tempo em que o que mais se procurava em processos de seleção para contratação de novos colaboradores era a agressividade, o tal “sangue nos olhos” para obter resultados.

Deliberadamente ou intuitivamente, relevava-se uma tendência egoísta e competitiva ao extremo do profissional, acreditando que o que valia mesmo era performar. Os fins justificavam os meios. Algumas empresas assumiam claramente a política de vale-tudo ou salve-se quem puder.

Prêmios de alto valor para quem superava metas, mesmo que tenha deixado um rastro de destruição por onde passou, atropelando colegas, sem qualquer empatia.

Com o tempo se percebeu que essa política podia até dar resultados por um período, mas afetava fortemente a perenidade das empresas, que passavam a apresentar um ambiente altamente tóxico entre os colaboradores ensimesmados com suas metas.

Em agências, especificamente, havia os semideuses da criação, que eram intocáveis. Ai de você, do atendimento, se questionasse uma campanha...

Nos tempos atuais, tudo mudou. A cobrança da sociedade por uma atitude responsável e respeitosa por parte das empresas passou a determinar nova postura e uma política que privilegia outros valores.

O lucro continua superimportante e os colaboradores são cobrados por uma performance eficiente, sim, mas a forma é outra. Valoriza-se uma atuação empática e colaborativa, além do respeito holístico e a capacidade de convivência produtiva num ambiente de diversidade.

Para atrair e manter talentos da geração Z, as empresas precisam oferecer mais do que bons salários e benefícios. É preciso apresentar uma política em sintonia com o capitalismo consciente e os princípios ESG, com propósito e valores bem definidos. O profissional do futuro precisará então de um conjunto equilibrado de habilidades técnicas e comportamentais.

A integração dessas habilidades permitirá que os indivíduos não apenas se adaptem às mudanças, mas também prosperem em um ambiente de trabalho dinâmico e em constante evolução. Investir no desenvolvimento dessas habilidades hoje é crucial para garantir o sucesso e a relevância no mercado de trabalho de amanhã. Terá de mesclar habilidades técnicas e digitais (principalmente análise de dados, big data e IA) com soft skills (adaptabilidade, flexibilidade, inteligência emocional, inovação e criatividade). Terá de incorporar habilidade comunicação e cooperação, incluindo escuta ativa, capacidade de persuasão e convivência com multiculturalismo e muita diversidade.

Para isso, deve estar ciente da necessidade de aprendizado e desenvolvimento pessoal contínuo, além de exercitar proatividade, resiliência e gestão de estresse. Por fim, mas não menos importante, deverá desenvolver consciência socioambiental, entendendo a importância da sustentabilidade holística e responsabilidade social.

Este novo conjunto de demandas pode parecer, a princípio, muito complexo, mas, como tudo na vida, a absorção desses skills é gradual e contínua. O mais importante é ter a consciência de uma adaptação de mentalidade centrada nesses princípios expostos aqui. Para facilitar, há perguntas-chave que devem ser feitas todo o tempo, tais como: Como o que estou fazendo colabora com os objetivos da empresa?

Com quem posso contar para melhorar minha atividade? Como posso colaborar com colegas no desenvolvimento de suas atividades? Como estou me comunicando e interagindo com colegas e demais stakeholders? Como posso me capacitar para as novas demandas que se apresentam? Qual o impacto da minha atividade na empresa, nos clientes e no mundo?  Estou agindo com integridade e em conformidade com as melhores práticas? Como posso ajudar a melhorar o mundo com minha atividade?

É isso aí!

Sabemos que a competição continuará feroz no seu crescimento profissional e que não devemos confundir atuação respeitosa e consciente com submissão e passividade. Mas sabemos também que o mundo valorizará cada vez mais os profissionais em sintonia com valores e propósitos mais nobres.

Seja feliz!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br