Tive acesso a um estudo de grande abrangência, realizado pela PwC, envolvendo 900 executivos C-level de empresas de grande porte de todos os continentes e dos diferentes setores da economia.

Os sete pontos mais importantes que afloraram da pesquisa foram: 1- ESG passou a ser um imperativo competitivo para empresas que reconhecem o impacto das suas operações. Quase a totalidade delas (99%) declarou que levará em conta os critérios ESG nos seus investimentos futuros.

2- Foco maior está nas questões ambientais. Mais de 80% dos respondentes têm objetivos claros quanto à redução da emissão de gases de efeito estufa, por exemplo. Por outro lado, apenas 60% têm metas e objetivos relacionados às questões sociais e de governança.

3- A intenção é grande, mas a realização ainda é modesta. Menos de 1/3 das empresas já implementou medições e estabeleceu planos de redução de emissões relacionadas aos Escopos 1 e 2 (emissão direta da empresa e a decorrente de compra de energia) e apenas 21% implementaram medidas relacionadas ao Escopo 3 (emissão da cadeia de fornecedores).

4- ESG está na pauta de conselhos e alta administração. As empresas com maior maturidade ESG incluem seus critérios em todas as áreas da empresa, fazendo parte da estratégia global das companhias.

5- As “Champions” têm o dobro de medidas aplicadas ao negócio do que as de menor maturidade. Revisão da cadeia de fornecedores, desenvolvimento de produtos mais sustentáveis e aplicação de um modelo de circularidade estão entre as principais medidas.

6- Maioria das “Champions ESG” está entre as maiores empresas (com faturamento acima de 3 bilhões de euros). As de menor porte devem tirar o atraso rapidamente para não perder competitividade.

7- A maturidade ESG varia de região para região e por tipo de indústria. A América do Norte e a Ásia concentram mais empresas Champions (líderes no processo ESG). A indústria manufatureira, a de varejo e produtoras de bens de consumo estão mais à frente do que o setor de serviços.

Aproximadamente 7% dos pesquisados se julgam ainda na fase inicial do processo ESG; 46% se colocam entre os que estão seguindo tendências; 41% se julgam competitivos na estratégia ESG e apenas 6% admitem estar no topo da maturidade, se posicionando como Champions ESG.

O caminho da maturidade tem os seguintes estágios: 1- Primeiras iniciativas: começam a buscar mais conhecimento e analisar concorrência e demandas de clientes.

2- ESG começa a permear a operação, com estabelecimento de algumas metas isoladas e KPIs.

3- Uma estratégia abrangente é colocada em operação com o estabelecimento de um plano específico, com metas e medição de resultados.

4- Estratégia de produtos sustentáveis e novo modelo de negócio começam a ser aplicados.

5- Cadeia de valor é envolvida, com fornecedores pressionados para um alinhamento às metas da empresa.

6- Estágio das Champions – ESG permeando todas as ações da empresa, sendo parte integrante e indissociável da estratégia. Em termos de maturidade ESG, a América do Sul ocupa a antepenúltima posição, quando comparada com as demais regiões, só ficando na frente da América Latina e da África.

Em ordem crescente, vêm Oceania, América do Norte, Ásia e Europa. A busca pela neutralidade de carbono foi atrapalhada pela redução de oferta de fontes alternativas (principalmente na Europa, com a interrupção de fornecimento de gás por parte da Rússia e da Ucrânia, obrigando a um aumento do uso de carvão), mas as empresas demonstram ambição de redução significativa ao longo dos próximos anos.

Como conclusão, podemos ver um lado bom, que é a intenção de praticamente a totalidade das empresas de ampliar seu alinhamento ESG nos próximos anos e outro não tão bom, que é a demora das empresas em partir para uma atuação definitiva e irretornável, tendo como base os princípios ESG. Vamos acompanhar!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
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