Com uma rápida busca no Google podemos encontrar diversas notícias sobre o fim iminente do Facebook. Isso antes mesmo do boom do TikTok, rede social que rapidamente viralizou entre os usuários mais jovens e foi tido por vezes como o carrasco da rede de Zuckerberg. Manchetes como “O fim do Facebook se aproxima” e “A morte do Facebook” já podiam ser encontradas há pelo menos cinco anos. Mas de lá para cá, ao contrário do que se imaginava, o Facebook não fez outra coisa a não ser crescer.
É claro que em quase 20 anos de história, o Facebook passou e tem passado por diversas mudanças. Uma delas é quanto ao perfil de seus usuários. Jovens com até 25 anos, aqueles que tendem a produzir e interagir de forma mais intensa no online, deixaram de estar de forma recorrente na rede social e migraram para outras plataformas. Em contrapartida, os usuários 60+ têm crescido de forma exponencial, movimentado a rede e atraindo anunciantes que buscam consumidores com poder de compra e decisão estáveis. Ainda com toda essa transformação em torno do perfil de quem enxerga valor na rede, em janeiro deste ano, foram registrados 2,963 bilhões de usuários ativos mensais, sendo que 67% deles fazem login todos os dias, segundo o Data Reportal.
Mas o que explica essa estabilidade ao longo de quase duas décadas? O Facebook tem criado e adaptado estratégias de outras redes sociais e que funcionam muito bem. E quando possível absorve seus potenciais concorrentes. O Facebook Reels, por exemplo, formato de vídeos curtos com suporte de conteúdos multimídia de imagens em movimento e sons, é o que tem maior alcance orgânico entre todas as plataformas. Outro diferencial está em seu marketplace que cresce a cada dia e permite que usuários vendam e comprem de tudo, um verdadeiro feirão online. Sem contar a criação dos famosos grupos, semelhante ao que víamos com Orkut e que fomentam comunidades digitais, permitindo que milhares de pessoas com interesses e objetivos em comum interajam. Nenhuma outra rede social conseguiu replicar este último ponto de forma tão eficiente.
Por fim, entre os principais alicerces do sucesso do Facebook está a receita gerada a partir do investimento insano recebido para publicidade. A empresa Meta é a segunda maior anunciante digital depois do Google. Ao avaliarmos a receita anual do Facebook ao longo do tempo, percebemos que saltou de U$ 70 bi em 2019 para U$ 116 bi em 2022, de acordo com dados do portal Zippia. Sua audiência de publicidade global como porcentagem da base total de usuários ativos da plataforma é de 66,9%, com expressivos resultados de curto prazo, como se espera de uma mídia de conversão.
Com todos esses dados fica fácil responder que não, o Facebook não está morrendo, e sim, faz sentido para as marcas continuarem a investir na plataforma. O custo de oportunidade de sair de uma rede com mais de 2 bilhões de usuários é muito grande. Se está difícil obter resultados como marca por lá, vale rever a sua estratégia em vez de abandonar a rede. Para a maioria das empresas no Brasil, que são menores e não tem apoio de um player de publicidade, é importante estar em plataformas que tenham uma base de usuários ativa e consolidada, como neste caso. Até mesmo companhias maiores, como bancos e as gigantes de bens de consumo, que precisam impactar o perfil de usuários que hoje está logado no Facebook, entendem que lá é o lugar para também se estar.
O questionamento é: o quanto uma rede social pode crescer? Não seria o caso de o Facebook não ter mais para onde expandir? Afinal, 37% da população mundial está ativamente conectada todos os meses. Sem contar a China, país mais populoso do mundo onde o Facebook ainda está bloqueado. Se removermos os residentes chineses, a taxa de adoção elegível da plataforma aumenta para 58,8%.
Para o futuro, só podemos esperar ainda mais pioneirismo. O Facebook tem gastado bilhões de dólares em estudos para entender não apenas como inovar, como também para atrair novos públicos. Existe foco no desenvolvimento de novas plataformas que visam antecipar o hábito de consumo e a interação de uma nova geração. E ainda há a apropriação de novos conceitos tecnológicos, como foi o caso da mudança do nome da empresa de Facebook para Meta. É claro, ainda não temos distanciamento histórico suficiente para entendermos se estão no caminho correto e se de fato todo esse investimento será convertido em resultados. No entanto, a trajetória da rede social até aqui, nos mostra que o Facebook tem muito a entregar e é essencial estarmos lá para ver isso acontecer.
Filipe Ratz é CEO e diretor-executivo da Pira