Embora a pauta ESG esteja cada vez mais na mídia, ainda existem empresas hesitantes em adotar suas práticas como parte integrante dos seus negócios.

Essa atitude titubeante de alguns se deve, em parte, pelo receio de críticas por conta do tal do greenwashing (alardear iniciativas pouco consistentes).

O que tenho recomendado é uma atitude de começar a adotar ESG, ainda que parcialmente.

É melhor dar os primeiros passos do que se manter na inércia. Ninguém cobrará, de cara, um programa que abranja 100% das questões ESG. O importante é demonstrar uma atitude efetiva, genuína e de melhoria contínua.

A B3 (Bolsa de Valores) adotou um sistema que dá a oportunidade às empresas listadas na Bolsa de demonstrarem suas ações efetivas e explicar o porquê da não adoção de outras.

O sistema “Pratique ou Explique”, do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3, é uma abordagem regulatória que incentiva as empresas a adotarem práticas de sustentabilidade e governança corporativa.

O conceito central do sistema é simples: as empresas devem seguir determinadas diretrizes de ESG ou explicar publicamente por que não o fazem. Como funciona: 1- Diretrizes de ESG: O ISE define as diretrizes e melhores práticas relacionadas às questões ESG.

Estas diretrizes são alinhadas a padrões internacionais e refletem as expectativas de investidores e outros stakeholders.

As diretrizes e critérios do ISE da B3 em relação a ESG são abrangentes e detalhados, cobrindo uma variedade de aspectos que as empresas devem considerar para serem incluídas no índice.

Veja alguns dos principais critérios: Critérios Ambientais (E) – a) Gestão de Recursos Naturais: Uso eficiente de água, energia e matérias-primas; b) Emissões e Resíduos: Redução de emissões de gases de efeito estufa, gestão de resíduos e poluição; c) Biodiversidade: Proteção e conservação da biodiversidade e dos ecossistemas; d) Mudanças Climáticas: Ações para mitigar e se adaptar às mudanças climáticas; e) Inovação em Sustentabilidade: Investimento em tecnologias e práticas sustentáveis. Critérios Sociais (S) – a) Direitos Humanos: Respeito e promoção dos direitos humanos em todas as operações; b) Relações de Trabalho: Condições de trabalho justas, segurança e saúde ocupacional; c) Engajamento Comunitário: Contribuições para o desenvolvimento das comunidades locais; d) Diversidade e Inclusão: Promoção da diversidade e inclusão no local de trabalho; e) Responsabilidade no Consumo: Práticas que promovam o consumo responsável e sustentável. Critérios de Governança (G) – a) Transparência e Prestação de Contas: Divulgação de informações financeiras e não financeiras de forma clara e precisa; b) Conselho de Administração: Estrutura, composição e independência do conselho; c) Ética e Compliance: Políticas e práticas para prevenir corrupção e garantir a conformidade legal; d) Gestão de Riscos: Identificação e mitigação de riscos corporativos, incluindo os relacionados a ESG; e) Relacionamento com Stakeholders: Engajamento e comunicação com acionistas, clientes, fornecedores e outras partes interessadas.

Depois de responderem a um extenso questionário, há uma verificação feita por auditores independentes. Há então uma pontuação e uma classificação.

Após esse processo, as empresas com as melhores pontuações são selecionadas para compor o índice ISE, aumentando sua visibilidade e reputação.

Explique: Se uma empresa decidir não seguir uma ou mais dessas diretrizes, ela deve fornecer uma explicação clara e detalhada sobre os motivos.

Essa explicação deve ser divulgada publicamente, permitindo que investidores e outras partes interessadas entendam o raciocínio da empresa e avaliem a adequação de sua abordagem em relação a ESG.

O sistema “Pratique ou Explique” é um caminho para promover a sustentabilidade corporativa, pois combina flexibilidade com uma estrutura de prestação de contas que beneficia investidores e a sociedade em geral.

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br