A comunicação tem sido a chave para a ponte mais rápida entre público e marca. Ao menos em números, essa informação ganha mais peso. Só em 2020 o CENP-Meios apurou que 215 agências de publicidade investiram R$ 14.214.558 milhões em mídia do Brasil, por meio de clientes-anunciantes. O valor pode dobrar se outras agências entrarem na conta. O caixa das empresas, apesar de terem sofrido com a crise sanitária causada pela Covid-19, precisou garantir investimentos em mídia e comunicação, pois não adianta nada pensar apenas em funil de vendas, sem escalar a marca ao lado de quem te certifica nos espaços televisivos, impressos e online, fonte de orientação, de influência e consumo de vários públicos. 

Na contramão da crise, 3,3 milhões de novas empresas surgiram desde o ano de 2020 no Brasil, enquanto um quarto das pequenas e médias fecharam desde o início da pandemia, apontou o Facebook em uma pesquisa de abril. Esse último dado, da Serasa Experian, também revela que essa taxa cresceu 8,7% em comparação com 2019. O ano de 2021 já ultrapassou a marca de 20 empresas que abriram IPO na bolsa, ou seja, a oferta pública de ações. Até o início deste mês, o total acumulado por empresas novatas que captaram em ofertas primárias foi de R$ 16,3 bilhões. Eu quero trazer ao menos um fator relevante que ajuda a escalada dessas empresas e que nada tem a ver com políticas públicas. Você sabe como várias das quase 20 milhões de empresas estão conseguindo sobreviver à pandemia e até crescer na crise?

Muitas das companhias que insistiram em seu funcionamento durante a pandemia cresceram e surpreenderam o mercado, independente de políticas governamentais. Sabe o que algumas dessas empresas têm em comum? – Companhias como a Magalu, que cresceu 49% no ano passado e tornou-se a maior varejista do país, e o GetNinjas, uma das maiores plataformas de profissionais e serviços do Brasil, que abriu seu IPO com oferta de mais de R$ 500 milhões na bolsa – elas se comunicam com seus investidores, com o mercado e com o seu público de clientes por meio de uma ferramenta chamada Relações Públicas, ou PR (sigla de Public Relations em inglês), além da tradicional publicidade, ou do mais recente Marketing de Influência. É como uma receita de bolo, cada ingrediente desempenha um papel importante, e na balança, a propaganda e a comunicação ganham status de farinha e fermento.

Uma pesquisa realizada pela ADP Research Institute, no fim de 2020, apontou que 18% dos trabalhadores brasileiros estão totalmente engajados em suas empresas. O estudo também diz que todos aqueles que tiveram alguma experiência com a Covid-19 aumentaram sua resiliência. E o que isso tem a ver com Relações Públicas? Se a sua empresa não tem quem cuide desse setor, como você divulgaria as suas políticas nesse período, sem comercializar a notícia, ou sem retirar o humanismo dela? O olhar de um profissional desse setor consegue apurar as melhores informações e colocar de fato o que humaniza a corporação. Esses dados quando trabalhados para o público destacando a empresa como uma importante marca empregadora, também refletem na decisão de compra do cliente. Como diz o cofundador do Gestão 4.0, Alfredo Soares, em seus livros “Bora Vender” e “Bora Varejo”, “um consumidor compra experiências”. E eu complemento dizendo, um consumidor compra experiências e aquilo que ele ouve ou lê sobre elas.

Imaginem o quanto as Edtechs podem ter sofrido desde o início da pandemia! Quando as escolas precisaram fechar, por exemplo. Algumas dessas startups, que operam ao lado de instituições de ensino, mudaram seus principais produtos. Uma delas, a Evolucional, em meio ao turbilhão de alteração de sua ferramenta principal, recebeu um selo de melhor lugar para se trabalhar, o GPTW. Destaco que, além das ações internas, as chamadas endomarketing, essas empresas também relatam para o seu público toda a sua transformação digital e por meio do PR ou de uma assessoria de imprensa é possível desenhar estratégias para isso, para fortalecer imagem e comunicar novos rumos.

A Deloitte trouxe dados de uma pesquisa dizendo que 56% das empresas esperavam problemas com inadimplência dos clientes. Essa é uma pergunta importante para ser feita ao seu negócio: vamos sofrer mais impactos financeiros? E como muitas empresas conseguiram driblar a crise fazendo com que os seus clientes continuassem consumindo e honrando os pagamentos? Observe que muitas delas estavam se comunicando com o seu público, estavam estampando tablóides, gerenciando suas redes sociais e evitando o anonimato. O seu cliente precisa ser seu fã, antes de ser seu comprador. Quando o seu negócio está em constante comunicação, você tem altas chances de converter um público em fã. Ele conhece a jornada da marca e a caixa-preta que faz muitos deles se encantarem de dentro pra fora.

O que une em comum o sucesso dessas empresas que eu citei é em como elas investem na comunicação de seus negócios. Infelizmente as políticas de empreendedorismo no Brasil não chegam nem perto do aplicado em outros países, e por aqui é preciso reunir cada vez mais ferramentas para suprir essa falta. A ferramenta das Relações Públicas cresce e ganha cada vez mais importância nesse espaço. 

De acordo com a CVM, ao menos 37 empresas aguardam na fila para realizar IPO. No meio das startups existem aquelas que estão prestes a receber aportes e virar unicórnios, ou seja, valendo mais de R$ 1 bilhão no mercado, como recentemente aconteceu com a Deel. Essas empresas só conseguem difundir valor, propósito e escalabilidade quando há alguém cuidando das Relações Públicas da marca, é a receita do bolo. Essa é uma das principais ferramentas desses negócios que sobrevivem à pandemia e até crescem durante a crise.

Nyldo Moreira é head de Atendimento na Fala Criativa