Talvez seja um defeito. Ou uma iluminação. O fato é que me inspiro fácil. Publicitário e empresário, agora acabo de lançar o livro O Safado, a Biscate e Eu: causos, cases e casos de um publicitário indiscreto. Nele, digo que o marketing começa com o desenvolvimento das habilidades de escutar, ver, conversar, sentir e perceber tudo o que acontece ao redor. É preciso se inspirar, seja no café na padaria, no elevador ou em uma sala de espera. Fatos corriqueiros podem ser provocativos e estimular a reflexão sobre o que é, realmente, o marketing.

Eu me inspirei com a Copa do Mundo ao ver o zagueiro Ali Al-Bulayhi, da Arábia Saudita, encarando Lionel Messi e “avisando” que a Argentina não venceria o confronto. Nas bolsas de aposta, os “hermanos” eram plenos favoritos, mas tiveram de “engolir” o 2 a 1. Sei que o futebol tem sua dinâmica própria, suas estratégias veladas e seus resultados imprecisos. Mesmo assim, ele traz bons exemplos para as estratégias de marketing e conquista de clientes. Assim como no futebol, grandes marcas favoritas existem em todos os segmentos do mercado.

Qual a primeira marca de sabão em pó, de margarina ou de celular vem à sua mente? São marcas líderes em “share of mind” e, provavelmente, em “share of market”, também. Mesmo assim, não ganham todas as disputas junto aos consumidores. Sempre há oportunidades inexploradas às marcas “menores”.

O que ocorreu em campo entre os dois jogadores, o “desconhecido” Al-Bulayhi e a estrela Messi me fez pensar nas estratégias alternativas para elevar a chance de marcas menos conhecidas.

Jogada pela lateral
Assim como no futebol, o marketing pode realizar ações focadas nas laterais. Como assim? Oferecendo ao consumidor algo diferente das grandes marcas. Seu concorrente oferece preço? Ofereça inovação. Fuja do “mais do mesmo”. Talvez você jamais conseguirá ter o mesmo preço que uma grande empresa, mas pode e deve ser mais ágil, mais simpático, mais devolutivo.

Banco de reservas
Quem está no banco de reservas dos seus clientes? Estão inativos nas compras, foram embora... Que tal estimulá-los a voltarem ao campo? Muitas empresas são incapazes de estimular o retorno de ex-clientes. Resgatar clientes adormecidos muitas vezes é mais fácil, rápido e barato que buscar novos. Valorize quem já está vestido com o seu uniforme e precisa apenas de estímulo para voltar a campo.

Foco nas jogadas conhecidas
Uma partida de futebol demanda criatividade, ousadia e inovação. O marketing também. Times esportivos e também as marcas possuem suas práticas favoritas, suas habilidades históricas, sua personalidade capaz de atrair torcedores fanáticos e clientes fiéis e longevos.

Você conhece os “fãs” da sua marca? Sabe quem acompanha a sua empresa? Reconhecer e recompensar os principais clientes é fundamental ao sucesso. Também é mais fácil, rápido e barato que buscar novos consumidores.

Essas três estratégias de marketing, tratadas aqui de forma bem breve, fazem parte do que chamamos de Experiência do Cliente.

Uma partida de futebol campeã demanda jogadores com perfis distintos em posições variadas. Esta é a magia da estratégia. Um plano de marketing efetivo também demanda este alinhamento entre ferramentas, estratégias e planos de ação.

A Copa no Catar tem nos mostrado que times menos tradicionais são capazes de vitórias emocionantes.

No mercado, com grandes e pequenas marcas convivendo entre dribles, faltas e alguns pênaltis, também há espaço para belas jogadas capazes de agitar o placar do faturamento.

Vamos jogar?

Fernando Adas é fundador e diretor de planejamento e atendimento da Fine Marketing