Nas últimas semanas, temos acompanhado debates acalorados a respeito da relação entre a imprensa brasileira e as assessorias de imprensa. As reclamações mais recorrentes dos jornalistas estão relacionadas à abordagem invasiva de assessores e ao volume expressivo de releases que os repórteres e editores recebem diariamente, muitos até de editorias diferentes daquelas que eles cobrem.
A busca por melhorias nesta relação é uma preocupação legítima. E poder discutir isso é essencial para aprimorarmos o funcionamento do ecossistema da comunicação. Existe, inclusive, um grupo do qual faço parte que conta com centenas de assessores do Brasil todo que trocam boas práticas para fomentar melhorias nas atividades de assessoria de imprensa.
O trabalho de relações públicas é essencial para a elaboração de estratégias que construam relacionamentos sólidos entre as organizações e seus stakeholders. Isso naturalmente vai muito além da imprensa, mas a respeito desta relação específica, é importante pontuar que as assessorias não apenas produzem conteúdos relevantes e levantam dados consistentes que sustentam notícias, como também ajudam a identificar pautas e personagens que possam interessar aos veículos, o que ganha ainda mais relevância em um cenário de redações muito enxutas e de um mundo conectado que demanda agilidade extrema pela informação. Por outro lado, as assessorias e seus clientes devem entender que os jornalistas têm a responsabilidade – e a obrigação ética – de buscar a notícia de interesse público, por meio de uma apuração rigorosa, e que nem sempre a pauta dos clientes se insere na demanda do jornalista.
É neste contexto que se dá a construção de uma relação saudável e duradoura entre jornalistas, assessores e as empresas que eles representam, baseada na confiança, no respeito mútuo e no entendimento do papel de cada uma das partes. Devemos buscar uma relação ganha-ganha, na qual a imprensa consiga publicar notícias de real interesse do leitor e as marcas, por meio de suas assessorias, sejam consultadas para participar das reportagens e, assim, fortaleçam suas reputações.
Acreditem na construção das relações sólidas. É um objetivo de longo prazo, que demanda tempo e energia, mas a criação de um ambiente mais profissional e com benefícios a todas as partes é responsabilidade de cada um de nós.
Guilherme Bourroul é jornalista e sócio fundador da CropCom Comunicação Integrada - guilherme@cropcom.com.br
