O Réveillon está chegando. É só piscar os olhos e já estaremos nas ruas, nas praias, nas casas de família e amigos esperando a meia-noite em contagem regressiva. Com toda certeza, será um Réveillon diferente, com sabor de renascimento. Depois de tanto tempo de dificuldades, voltaremos a nos abraçar com menos receio, a pensar no futuro de maneira mais positiva.
Podem contar que, nessa festa da retomada, muitas marcas também irão fincar suas bandeiras nos locais mais animados para fazer companhia ao público. Dias antes, as equipes montarão palcos nas praias descoladas como, por exemplo, Trancoso, Caraíva e Porto Seguro, localizadas na nossa querida Bahia, garantindo shows inesquecíveis com artistas brilhantes. Tudo perfeito, como já vinha sendo feito anos antes.
Mas e quando a festa acabar? Restará aos moradores dessas praias a convivência com um paraíso degradado. Paraíso esse que, daqui um ano, voltará a receber turistas novamente e, até lá, os moradores ficarão no esquecimento, mais uma vez.
Talvez eles não entendam de imediato que o ganho financeiro da comunidade em uma semana não vai arcar com o prejuízo em relação ao meio de seu próprio sustento. O turismo se esvai com praias sujas, mares poluídos, sem promover mudanças verdadeiras no quadro de pobreza local.
Como profissional especializada em proporcionar boas experiências entre marcas e consumidores, tendo em paralelo forte engajamento em questões ambientais e inclusão social, gostaria de propor outros olhares a essa questão. Neste (e nos próximos) Réveillon, que tal as empresas adotarem um povoado? Adotar o ano todo, de maneira responsável, fomentando a cultura e a economia local.
A criatividade e inovação que tanto impulsionam as conexões entre marcas e pessoas podem ser ainda mais surpreendentes, promovendo impactos positivos duradouros. Que tal um olhar diferente para as estratégias das ações de final de ano? Em muitos casos, as localidades possuem potencial nas manifestações artísticas e culturais, bem como peculiaridades gastronômicas, além de oportunidades de fomento nas áreas de prestação de serviços e comércio.
Precisamos fomentar o desenvolvimento em cada micro universo a partir de visão estratégica inovadora, com senso de construção colaborativa e atitude verdadeiramente sustentável em todo seu tripé: social, ambiental e econômico. Talvez essa seja a melhor forma de fazer com que os desejos de prosperidade propagados no Réveillon se tornem realidade para muitas localidades ao longo do ano que vai nascer.
Acredito fortemente que essa atitude vai ao encontro da nova era de propósito para a solidificação das marcas perante a sociedade, bem como do live marketing de horizontes infinitos e realizações possíveis e tangíveis.
Trocar a prática destrutiva pela prática educativa para que as novas festas não estejam acompanhadas dos velhos problemas. Pode ser um bom (re)começo para nossa trajetória neste planeta.
Andréa Pitta é CEO da Fibra.AG