Fui ao Rio na semana passada. Visitei pela primeira vez o bondinho, o Morro da Urca e almocei no Aprazível em Santa Tereza.
No restaurante Aprazível uma caipirinha de caju e um peixe do dia transmutado moqueca. No bondinho, completamente nublado, com nuvens pesadas típicas de Curitiba, mas no Rio.
Um espetáculo. Agradabilíssimos momentos. Lá em cima até um café expresso combinou com a temperatura amena. Já fui ao Rio centenas de vezes, sempre a trabalho.
Mas para relaxar, essa foi a segunda ou terceira vez. Injusto com o Rio, e com meu tempo também.
Conheci a Gigóia, na entrada da Barra. Cheguei ao restaurante de barco, passei repelente, drinks ótimos e um peixe dry-aged.
Muito diferente de tudo e como minha memória é péssima, não lembro o nome do chef.
Mas recomendo. 11 mil pessoas moram nas ilhas e se locomovem apenas de barcos, numa simbiose com os barqueiros que fazem o táxi entre as casas.
Logo na chegada, quinta-feira, fui com amigos ao Teatro do Shopping Leblon - Teatro Casa Grande assistir ao ótimo ‘Tom Jobim, o musical’.
Emocionante ver reunidos num palco a obra e o autor. Elton Towersey e Otavio Muller fazem o papel de Tom e Vinicius. Uma dupla, uma amizade, 52 músicas e um universo entre whisky, chopes e viagens a Nova York.
Pela importância da obra do Tom, ainda poderiam ser feitos dois ou três espetáculos.
Quanta criatividade, e ouvir sobre o Leblon e Ipanema, em Leblon e Ipanema, me fez pensar em São Paulo, fora algumas declarações de amor, ainda é bruta, brutal e que todo mundo ama odiar, mesmo se recusando a voar para longe.
No meio de muita emoção que a peça emana, havia exemplos engraçados como quando João Gilberto justifica, no show do Carnegie Hall, a importância do corte de suas calças, na afinação da sua apresentação.
Das coisas mais incríveis que a profissão de publicitário dá para gente é chegar perto de seus ídolos.
Quando era diretor de criação de Vale, Itaú, Vivo e Mitsubishi, na agência Africa, coloquei no ar uma campanha incrível da Vale com João Gilberto cantando uma composição de Nizan, Ana Castelo Branco e Prista e mais um monte de gente talentosa.
Minha parte era apenas atender o João Gilberto, que ligava todos os dias em dúvida se a melhor afinação era a gravata azul ou vermelha.
Era realmente uma questão relevante para ele. Por umas 30 horas num mês falei com o inventor da bossa nova, parceiro do Tom e um monstro da música global.
Qual gravata ele escolheu? Veja lá no YouTube.
A canção é ótima também. Não conheço profissão que permita colocar ideias junto a ícones da cultura da forma que fazemos com a publicidade.
E mais, o quanto o Rio de Janeiro, sua cultura, seus drinks, sua paisagem selvagem fazem bem para a vida da gente. Principalmente ali no Leblon e Ipanema.
Flavio Waiteman é sócio e CCO da Tech&Soul
flavio.waiteman@techandsoul.com.br