70 anos depois, o Cannes Lions contempla uma indústria que acelera as pautas de DEI e de inovação
Para um evento chegar aos 70 anos com atratividade é porque tem no seu arcabouço cultura, relevância, atitude conteúdo, compliance e reputação.
Que está em harmonia com o que marketing propõe para as marcas desde essa época, em 1953, quando o Cannes Lions Festival Internacional de Criatividade foi criado.
Nesta segunda-feira (19) começou a 70ª edição com uma agenda inspiradora e capaz de empoderar com conhecimento todos os delegados presentes, cerca de 15 mil, além de palestrantes e jurados.
O que permeia todo esse período de 70 anos?
A criatividade.
Que todos os agentes envolvidos na ciência mercadológica precisam dar atenção para pavimentar caminhos, como o Festival de Cannes de publicidade fez.
E faz!
Não é uma criatividade meramente plástica; mas pragmática a serviço da performance e fidelização.
A indústria que envolve anunciantes, agências de comunicação, produtores de conteúdo audiovisual, plataformas, consultorias e canais de mídia, por exemplo, busca diferencial por meio da criatividade.
Sem receita mágica, sem truques, sem dependência orgânica do ChatGPT. Apenas da criatividade para manusear o que está disponível, inclusive a inteligência artificial.
Só com esse asset, a criatividade, as marcas podem gerar diferenciação em uma paisagem repleta de referências bacanas para os consumidores.
E são tantas, não é mesmo? Ou seja, buscar a essência que está embutida no DNA de uma marca. Que é viva e não é commodity.
Assim, a qualidade, não importa o projeto, estará garantida.
Marcas, mexam-se com o poder do marketing, que transforma, abre portas e sinaliza passos futuros.
Do glamour dos anos 50, passando pela estética revolucionária de Andy Warrol nos sixties, à exatidão dos últimos cinco anos com dados cada vez mais precisos. E preciosos!
Os anunciantes recorrem ao marketing para impulsionar a reputação das suas marcas com soluções inovadoras e aderentes ao perfil de uma sociedade híbrida, pujante, mutante, tecnológica, questionadora e pronta para o consumidor tomar posição de um jeito que lhe é conveniente.
Cannes priorizou o audiovisual até 1992 quando surgiu o Press & Poster Lions.
Se a vaidade ganhou corpo no festival, os anunciantes se beneficiaram com esse comportamento.
A competição foi combustível para que cada agência procurasse transbordar criatividade nas campanhas.
Este ano, a organizadora Ascential, que adquiriu o festival em 2022, propõe para toda a indústria um olhar para as questões que envolvem a pauta de Diversidade, Equidade e Inclusão.
Esse discurso está em todas as áreas. Sustainable Development Goals Lions me chama a atenção porque tem a brasileira Fabiana Schaeffer, CEO da Netza, no júri.
Ela é associada desde 2015 ao Pacto Global da ONU. Muito ativa, produtiva e voluntária.
Que bom ver Cannes nos seus 70 anos abrindo espaço para tantas mulheres no júri.
Negros também, como Felipe Silva, que relançou a marca Kuat, da nossa associada Coca-Cola, com sua agência, a Gana.
Se a vida exige mudanças, há 70 anos Cannes muda os ditames da indústria.
Revê a criatividade para que ela seja amiga íntima daquilo que precisa ser bem feito. Mudar é preciso! Mas com ouvidos atentos à voz da sociedade, cada vez mais plural, inclusiva e abrangente.
Um brinde a Cannes nos seus 70 anos!
Sandra Martinelli é CEO da ABA (Associação Brasileira de Anunciantes).