Um dia todos seremos vendedores? Ou, melhor, sellers? Parece que sim...

Dentre as novidades decorrentes do tsunami tecnológico a partir do microchip 4004, de 1971, um mundo onde cresce exponencialmente o número de vendedores. Talvez, um dia, todos sejam vendedores, ou “Sellers”, como são tratados pelos
marketplaces.

Na história do comércio mundial os primeiros ajuntamentos de vendedores ocorreram em ruas. Determinadas ruas das cidades onde gradativamente foi crescendo o número de lojas.

Na cidade de São Paulo, por exemplo, o comércio ganha corpo do lado de lá do Viaduto do Chá, nas ruas Direita e São Bento. Depois atravessa o viaduto e vai para a Barão de Itapetininga.

Em paralelo começam a nascerem as ruas de comércio genérico, tipo Teodoro Sampaio, em alguns bairros da capital. E mais adiante, ruas de comércio específico, como o alto da Consolação, aonde vão se instalando os vendedores de lustres e abajures, enquanto que na Santa Ifigênia prevalecem os vendedores de material elétrico...

No início do século passado as primeiras lojas de departamento, que, a partir do fim dos anos 1960, vão sendo engolidas pelos shopping centers, a começar pelo Iguatemi, de 1966.

Hoje, último dado disponibilizado pela Abrasce – Associação Brasileira de Shopping Centers –, o Brasil possui 601 shoppings, e mais 13 para inaugurar ainda neste ano. Nesses 601 existem 110.938 lojas.

E aí, vão nascendo e institucionalizando-se, com o desenvolvimento do ambiente digital, os marketplaces. E em cada um deles uma quantidade gigantesca de lojas, ou sellers.

Lojas de rua que também se fazem presentes nos marketplaces, empresas que decidem ter uma loja, ou pessoa física que, na busca de algum dinheiro, passam também a vender. Assim e genericamente, esse universo monumental de vendedores passa a ser denominado de Universo dos Sellers.

E agora os números, segundo a pesquisa Perfil do e-Commerce Brasileiro. Em sua 7ª edição, a pesquisa é assinada pelo Pay Pal e Big Datacorp.

Enquanto o Brasil possui 601 shoppings e, arredondando, 11 mil lojas, apenas e nos 20 principais marketplaces, tipo Submarino, Luiza, Amazon e Mercado Livre, são 372 mil sellers.

Quase 40 vezes mais, e não para de crescer, na medida em que nos últimos meses são criadas 790 lojas – ou sellers – a cada novo dia...  É essa, amigos, a fotografia do varejo brasileiro em quase 200 anos.

Assim, diante dessa nova e radical realidade, todas as empresas de todos os setores de atividade precisam, já, se repensarem e recriarem considerando o que um dia disse Gertrud Stein, “Não existe lá mais ali”. Aquele lá, de ruas de lojas, de lojas de departamento, e até mesmo de shopping centers, vai ficando para trás, até um dia desaparecer da paisagem.

Sobre especificamente os shoppings, dia após dia, como tenho comentado com vocês, convertendo-se em livings centers. Onde iremos para nos divertir e, circunstancial e excepcionalmente, aproveitaremos para comprar alguma coisa...

Todos somos vendedores... Faltava apenas despertar... Agora não falta mais.

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing
famadia@madiamm.com.br