Participei do Web Summit Lisboa nos anos de 2018, 2019 e 2021. Como sempre acontece em novembro, perto do meu aniversário, já tirava esses dias para acompanhar as inovações do mundo num dos lugares do mundo que mais gosto. O que me chamava a atenção sobre a apresentação dos temas e das startups, era o foco em energia, mobilidade e saúde. Faz todo sentido para a vida. Os chineses comentam que o prato principal da vida é o sexo. E a sobremesa são as viagens. Mobilidade, energia e saúde estão no centro do que vivemos hoje e estão também no Web Summit Rio. Pra já, um sucesso.

Muita gente pode estranhar o formato de palestras rápidas: 20 minutos ou um pouco mais. Mas esse tipo de evento é como uma sinapse coletiva. Uma palavra de uma apresentação aqui se junta com uma frase de outra ali e um comentário que você ouve na fila do master class e pronto, ligam os pontos e implantam um insight. E se?

Algumas pessoas vêm acreditando que o evento traria a resposta final das tendências, o Santo Graal das questões humanas nos dias de hoje. Mas é um pouco como a jornada ser mais importante do que o destino final. E é. Encontrei gente que fala sobre inovação e gente que inova mesmo. Tem gente que faz inovação para mudar o mundo para melhor, outros apenas para ganhar dinheiro. Mas não importa. A única constante na natureza é o movimento. E por aqui foi inspirador ver o Kondzilla dizer que perdeu o bonde do TikTok. Isso mostra o quanto todos somos humanos e passíveis de FOMO. Durante os anos no Web Summit de Lisboa acompanhei o crescimento do evento de 30 mil para 70 mil pessoas. Aqui no Web Summit Rio, os organizadores comentam que vieram 20 mil pessoas nessa primeira edição. Sucesso total e o mesmo clima: qual a fagulha que vai acender um novo negócio, uma nova forma de fazer alguma coisa útil, escalável e rentável e, aproveitando a semana agitada, por que não dizer, com mais transparência e foco nas pessoas?

O meu Web Summit no Rio de Janeiro começou na segunda de feriado, numa conferência no Consulado Geral de Portugal. Lugar maravilhoso que fez a ponte dos lugares que mais valorizo na vida, Brasil e Portugal. É comum quando se faz uma intervenção, com um comentário ou opinião, deixar cortesmente algo de valor, em linguagem popular, deixar 15 centavos.

Então seguem aqui alguns comentários que ouvi e me impactaram:

A AI vai tirar o emprego de gente média, que não tem fome de fazer, de acontecer, de aprender. Esse pessoal vai ser substituído por ferramentas. O extraordinário sempre existirá e terá seu valor – ouvi em várias palestras, e também na palestra de David Droga.

A inovação demora a acontecer. Em 2018 o projeto da Embraer de drones de transporte foi a grande sensação e previam para 2023 que estaríamos vendo essa realidade ser testada. Não aconteceu, e tudo bem. A Embraer estava presente novamente aqui com o mesmo projeto, que continua sendo desenvolvido. Nem sempre tudo acontece e exatamente no tempo e do jeito que a gente quer. O importante é meter as caras.

A mobilidade elétrica vai precisar de uma infraestrutura completamente diferente da atual para acontecer e escalar; a energia, cada vez mais limpa e descentralizada; e a saúde, do corpo e da mente, será a área de maior inovação dos próximos anos. Espero que esses 15 centavos façam a diferença para você.

Flavio Waiteman é CCO-founder da Tech and Soul
flavio.waiteman@techandsoul.com.br