1. A campanha de valorização da imagem da atividade política que está no ar perde o sentido diante dos constantes maus exemplos dados pelos seus militantes.
Votando pela não cassação do deputado federal Natan Donadon, condenado pelo STF a 13 anos, 4 meses e 10 dias de prisão em regime fechado, pelos crimes de peculato e formação de quadrilha, a Câmara Federal deu mais um tiro no pé e na imagem da classe política brasileira.
O mais novo membro do STF, o ministro Luís Roberto Barroso, deve estar arrependido de uma recente declaração sua, já empossado na Alta Corte, afirmando entender que a cassação de parlamentares condenados na Justiça cabe às Casas de Leis às quais pertencem.
Sua opinião escorou-se (no passado, porque já deve ter mudado de ideia após essa decisão da Câmara dos Deputados) em interpretação do disposto constitucional, deixando de levar em conta o repetitivo espírito de corpo que sempre norteia essas votações do colegiado parlamentar.
Muito provavelmente, a partir de agora o ministro Barroso passará a dar razão ao atual presidente do STF, que tem insistido nas cassações pela Justiça e não pelo Legislativo, interpretando de outra forma a Constituição e sabedor de que, deixando nas mãos dos parlamentares o destino dos mandatos dos condenados pela Justiça, a história invariavelmente se repetirá, com raríssimas exceções.
Esse mesmo comportamento nos leva a duvidar – para completo desânimo dos brasileiros de bem – de que a proposta que acaba com o voto secreto nesse tipo de julgamento pelos parlamentares será por eles aprovada.
O voto secreto é uma proteção do voto espúrio e da troca de favores que domina o ambiente parlamentar. O pensamento que prevalece é o de salvar a própria pele amanhã, caso o votante também vire réu.
Se somos todos cidadãos brasileiros iguais perante a lei, como nos ensinaram nossos pais e avós muito antes dos bancos escolares, aprendemos com o tempo que alguns são mais iguais que os outros.
Nessa constatação reside uma das causas dos grandes males que nos afligem e que não se circunscrevem apenas a esse tipo de gravidade aqui abordado.
Os mais iguais, ao determinarem diariamente medidas que atingem o nosso comportamento, decidem excluindo-se dos problemas que suas decisões trarão à coletividade.
Eles formam um povo à parte do nosso, com características próprias e exclusivas, como se vivessem não em outro país, mas em outro planeta.
De há muito deixaram de ser semideuses, transferindo-se por conta própria para o grau imediatamente superior e rebaixando-nos todos à categoria de 201 milhões de serviçais (segundo o mais recente levantamento do IBGE), de cujo número a sua categoria deve ser deduzida.
Glória a eles que merecem, diante da nossa inércia.
2. Se o Legislativo Federal faz por merecer o comentário acima, o que não dizer das nossas autoridades do Executivo, que perdem seu tempo (e o nosso) com temas bolivarianos, enquanto o mundo é cada vez mais capitalista.
Deve fazer parte dos planos do nosso governo irmanar-se à ideia de fundação de uma URSB (União das Repúblicas Socialistas Bolivarianas), onde o lema seria “a miséria em primeiro lugar”, atingindo-se finalmente o que nem a outra URS conseguiu: igualar todos por baixo.
Ideologias à parte, falta fazê-los entender que uma das crises pelas quais atualmente passamos (são várias), deve-se à ausência de confiança dos grandes investidores não só internacionais, como os que aqui residem, no futuro político da nação.
A adulação constante a Cuba – uma belíssima ilha naufragada em si própria – e a parceria sem restrições com países do bloco do Velho Testamento Ideológico, embora para nós signifiquem apenas sintomas teatrais, preocupam os donos do capital.
Estamos voltando a uma discussão que permeou boa parte das décadas do meio do século passado, e se o tema é semelhante, resta lembrar que o povo, do qual eles tanto falam, rejeitou o quanto pôde o canto da sereia dos dois extremos.
Se a verdade está no meio, como recomendavam os antigos, não deve ser difícil alcançá-la.
3. O mercado da comunicação do marketing, que antes chamávamos de publicitário, espera que este setembro ora iniciado dê início a uma retomada dos negócios, para que o ano não seja considerado ao cabo de dezembro como um daqueles perdidos que a história recente registra.
O propmark tem conversado e muito com as lideranças e elas têm opinião dividida: metade achando que vamos deslanchar e a outra metade – menos crédula – sem grandes expectativas.
Para os que integram o segundo bloco, toda a esperança se transfere para 2014.
Preferimos ficar com o semiotimismo do primeiro bloco, torcendo para que o país “improvise” um razoável quadrimestre final de 2013.
Pode ser difícil, mas não impossível. Somos anímicos e aí residem as nossas oportunidades.
Este editorial foi publicado na edição impressa de Nº 2464 do jornal propmark, com data de capa desta segunda-feira, 2 de setembro de 2013