Arte, alta-costura, cultura popular e visão empresarial sempre estiveram de mãs dadas com Pierre Cardin, cuja marca era a sua própria assinatura (Reprodução)

Morreu nesta terça-feira (29) o estilista Pierre Cardin ícone da alta-costura (do francês haute couture) francesa, que ele ajudou a retomar após o fim da segunda guerra mundial. Cardin morreu em um hospital em Neuilly, em Paris. Ele era filho de um rico comerciante de vinhos e nasceu perto de Veneza no dia 2 de julho de 1922. Ele e sua família se mudaram da Itália para a França quando tinha dois anos. Ele também foi secretário e membro ativo da Academia Francesa de Belas Artes.

Elegante, Cardin deixou como legado exatamente o refinamento dos cortes, a busca pela seleção adequada de cores e um legado cuja marca é a sua dedicação pela arte do vestuário. E construiu uma marca a partir da sua própria assinatura, que foi benchmark e serviu de inspiração para outros profissionais do ramo a se aventurarem no disputado mercado da moda.

Mas antes de enveredar na construção da sua marca, Cardin bebeu na fonte da Christian Dior, onde foi um dos primeiros e mais engajados funcionários.  Algum tempo depois, precisamente em 1950, abriu seu próprio ateliê onde deu vasão à criatividade fazendo costumes black-tie e roupas para casamentos. Pedrarias, bordados e tecidos inovadores como o vinil estavam inclusos nas ofertas das suas coleções. Antes de chegar à Dior, Cardin começou como aprendiz de alfaiate com 14 anos. Aos 23 anos, ele se mudou para Paris para estudar arquitetura e trabalhar com a grife Paquin e depois com Elsa Schiaparelli. Na capital francesa, conheceu o cineasta Jean Cocteau e ajudou a desenhar máscaras e figurinos para o filme “La Belle et La Bete”, de 1946.

Em 1954, lançou sua primeira coleção feminina. A partir daí transitou nos dois universos com segurança e notável bom-gosto como gostam de afirmar os especialistas das passarelas.

A construção da marca Pierre Cardin contou com a ajuda da publicidade e também do live marketing, nesse caso com os desfiles que atraiam a atenção da mídia e da concorrência. No ano passado, ele manifestou sua inquietação ao afirmar que continuava pensando no futuro “imaginando que, em 2069, todos nós vamos caminhar na Lua ou em Marte e lá as pessoas se vestirão com os Cosmocorps desenhados por ele mais de meio século atrás.”

Em 1969, antes da aterrisagem que a nave Apollo 11 pousasse na Lua, “o costureiro ítalo-francês vencia a corrida da moda espacial criando uma estética futurista e unissex.” Aos 97 anos foi celebrado com uma amostra no tradicional Brooklyn Museum, em Nova York, sob o tema “Pierre Cardin: Future Fashion”. As 170 peças escolhidas para a exposição faziam uma espécie de linha do tempo desde os anos 50.

Apesar da modernidade, Cardin sempre dizia que sua maior influência era a Renascença. Mas optou por linguagem modernista no design do  Palais Bulles da Côte D’azur, na cidade de Théoule-sur-Mer, perto de Cannes, no sul da França. Com 1.200 metros quadrados, o Palais Bulles foi construído entre 1979 e 1984 pelo arquiteto húngaro Antti Lovag com bolhas de concreto inspiradas em grutas.

A proximidade de Cannes atraiu o mundo da publicidade para o Palais Bulles. O espaço abrigou festas como a que o portal Terra fez com direito a show em 2008 da banda Morcheeba. A Apro (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais), sob a liderança de Sonia Piassa e Marianna Souza, realizou almoços para profissionais brasileiros e internacionais no local.

O branding da Pierre Cardin era compostompelio dom empresarial do estilista que quis levar para as ruas a alta-costura e torná-la acessível.  No início dos anos 1960 logo entendeu que para crescer o melhor caminho era licenciar sua marca que já vestia nomes como Brigitte Bardot, Jackie Kennedy e Jean Paul Belmondo, por exemplo.

Com informações da France Press e CNBC