Alê Oliveira

Com 20 milhões de usuários, mas de olho nos mais de 100 milhões de clientes da internet no Brasil, a programadora Globoplay, plataforma de SVOD (Streaming On Demand) do Grupo Globo, apresentou oficialmente na semana passada o Billing, serviço que vai comercializar os seus pacotes. As assinaturas começam a partir de R$ 24,90. A ideia da venda direta por meio do Billing é gerar capilaridade.

De acordo com o executivo João Mesquita, CEO da Globoplay, os assinantes permanecerão sem exposição à publicidade, mas os usuários da programação ‘catch up’, ou gratuito, terão comerciais exibidos na sua grade. Nesse caso, segue o modelo das TVs abertas, que são remuneradas com as inserções dos anunciantes.

“Não é possível distinguir os assinantes pagos e os usuários gratuitos. Temos 20 milhões de usuários e o plano é dobrar para 40 milhões. Temos vários modelos, mesmo porque nos identificamos como um marketplace de conteúdo, exclusivo e compartilhado, dos canais Premiere e Telecine, mais Globoplay. Quando o cadastro é feito, o usuário faz sua opção”, explicou Mesquita, há 20 anos no Grupo Globo e há um no comando da Globoplay.

“Uma outra ideia é a venda pelas operadoras de telefonia. O digital first contempla a oferta ‘catch up’, mas essa degustação pode se transformar em venda”, afirma Mesquita.

O executivo disse ainda que não há um prazo estipulado para o retorno do investimento consolidado no negócio, cada vez mais robusto, para manter o nível de competitividade que o segmento exige, principalmente no tripé formado por conteúdo, tecnologia e marketing. Uma das novidades tecnológicas é o Cloud DVR (Digital Video Recorder), dispositivo que vai permitir ao assinante avançar e voltar a programação ao vivo em uma hora pelo smartphone. De acordo com Marcelo Souza, diretor de produtos digitais da Globo.com, braço de tecnologia do grupo, também está disponível o simulcast, que permite a transmissão simultânea em mais de um meio.

O investimento em programação é decisivo para a Globoplay, como enfatiza Mesquita. Principalmente nas séries realizadas em parceria com a Rede Globo, entre as quais Além da Ilha, com elenco encabeçado por Paulo Gustavo e Katiúscia Canoro, e Ilha de Ferro, com Cauã Reymond, Maria Casadevall e Sophie Charlotte. E também as séries internacionais, como a recente The Good Doctor. Atualmente com um acervo de 20 séries estrangeiras, a ideia é dispor mais de 100 conteúdos nesse formato até o fim de 2019. E cerca de 100 filmes também vão integrar o portfólio.

“O plano é ter uma série inédita por semana, mas em alguns momentos pode subir para três. Nos quatro dias de exibição de The Good Doctor’ as nossas vendas cresceram oito vezes. É o melhor período da nossa história”, explicou Mesquita.

O seriado Killing Eve, cujos direitos foram adquiridos pela Globoplay, rendeu bons dividendos, inclusive uma indicação para o Emmy de melhor atriz para Sandra Oh. A Million Little Things, com linguagem mais dramática, e Charmed, em ritmo de aventura, também estão disponíveis para os assinantes.

E a Netflix? E a Amazon? São concorrentes diretos? O CEO da Globoplay responde: “Há muitas similaridades, especialmente pelo formato comercial. Mas não entendemos como concorrentes. O importante é a oferta de conteúdo. É isso que faz a diferença. Na última edição do LA Screenings, realizada em maio, compramos mais séries do que qualquer outro player”.

As ações de marketing da Globoplay contam com apoio do alcance da Rede Globo de Televisão, que chega a 100 milhões de telespectadores por dia, e 80 milhões na internet através do G1.
“Nós temos a maior vitrine de visibilidade do mercado. E isso é essencial para a estratégia de comunicação e marketing. O importante é a compreensão de que nem tudo é mainstream e massivo. Cada vez mais exploramos os targets específicos”, argumentou Mesquita.

Os spin-offs podem ser realizados em parceria com a Globo, mas o foco da Globoplay é outro. O realizado durante a novela Haja Coração contou com a exibição exclusiva de alguns momentos da trama com direito a venda de patrocínios, entre os quais para a Fiat. “Já aconteceu, mas não é um formato que está nos planos”, finalizou Mesquita.