O filme é Casablanca. A música é cantada no filme por Dooley Wilson. Composta por Herman Hupfeld, em 1931. Humphrey Bogart e Ingrid Bergman. Ingrid vira-se para Dooley no piano, e diz: Play it again… No segundo semestre de 1971, o saudoso amigo Oswaldo Loureiro Assef agenda um almoço com o Armando Ferrentini no Baiuca da Praça Roosevelt. Nos tempos de almoços onde os irmãos Peixoto encarregavam-se da trilha musical. Armando me convida para escrever um artigo semanal sobre marketing no Asterisco, caderno dominical que cobria o território da propaganda. Propaganda que ingressava em sua fase dois, com o florescimento da televisão, e preparando-se para ingressar mais adiante em seus anos de ouro – 1980/2010. No ano que vem, a coluna completa 50 anos ininterruptos. Não conheço outra coluna sobre marketing tão longeva em todo o mundo. E isso só se tornou possível pela visão dele, Armando Ferrentini.
Com o passar dos anos, Asterisco virou Caderno Propaganda e Marketing, mudou de jornais onde era encartado, e hoje tem vida própria e independente. Assim, e
ao comemorarmos os 55 anos da iniciativa enlouquecida de um jovem jornalista e bacharel de direito, nada mais justo que dizermos, a história da propaganda brasileira divide-se AC/DC – Antes do Caderno, e depois do Caderno. Hoje, PROPMARK. Os primeiros anos do Armando e seu Asterisco na época não foram fáceis. De repente, passou a existir uma publicação semanal cobrindo, registrando e documentando tudo o que era realizado na publicidade brasileira na época. E as principais agências incomodaram-se e, num célebre almoço, supostamente em nome das principais agências, um dos empresários da publicidade disse ao Armando que “Brasília” estava profundamente incomodada com a cobertura
que a sua publicação fazia da publicidade brasileira, muito especialmente e a partir da criação do Prêmio Colunistas… E assim se passaram 55 anos. Com o lastro das manifestações pioneiras, mais a referência estética imposta pela DPZ, o planejamento e criatividade da Almap, e o nascimento de uma plataforma de comunicação espetacular com as digitais do Boni, a Globo, começa a era de ouro da propaganda brasileira: 1980/2010. Prêmios, prosperidade, valorização dos profissionais. Em 2009, Bob Garfield, editor de Advertising Age, lança
seu livro The Chaos Scenario e dá início à contagem regressiva: “Talvez você esteja muito ocupado mexendo com o seu smartphone para perceber, mas as estruturas dos meios de comunicação em massa que definiram seus vínculos com o mundo
estão pegando fogo… Existe um renascimento dramático do marketing e da comunicação semelhante ao fim da era Glacial, que produziu um número exponencialmente maior de espécies mais desenvolvidas do que as que até então prosperavam no planeta…”.
É isso, amigos. Assim se passaram mais de cinco décadas. E agora, chegou a hora de renascer. O mesmo Armando, a mesma Editora Referência e o mesmo PROPMARK preparam-se para os próximos 55 anos. E vamos trabalhar juntos, todos nós, no planejamento das próximas décadas do PROPMARK. A instituição, não por acaso, a Referência, o ponto de encontro dos que acreditam que a marca não é uma das mais importantes propriedades de empresas, produtos, pessoas: é a única. Próximas décadas com a mesma energia, coragem, competência, importância de sempre, e sob velha e vencedora direção. Claro, devidamente renovada. No editorial com que fecha seus 54 anos, o da semana passada, Armando Ferrentini noticia uma espécie de jogar das toalhas: “Globo e SBT criam soluções self-service para a compra de anúncios…”, de certa forma, rendendo-se aos novos tempos, e referenciando-se no Google, Facebook e demais Bigtechs… Isso posto, querido amigo de quase 50 anos, faça de novo; mais e melhor. Playt it again, Armando!
Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)