Divulgação

Há séculos os publicitários vêm implementando a mesma estratégia básica de distribuição de mensagens apelativas em massa para um público o mais amplo possível, com a maior frequência possível. E embora os canais e a tecnologia disponíveis para alcançar e envolver os públicos-alvo tenham crescido em escala exponencial ao longo dos anos, os anunciantes mantiveram-se amplamente à margem da inovação.

Com o aumento da frustração dos consumidores com o estado atual da publicidade digital, levando milhões de pessoas a baixar tecnologia de bloqueio de anúncios, agora é a hora de mudar. De acordo com um relatório da Page Fair e da Adobe, publicado em agosto, desde junho de 2015 que o número de usuários utilizando bloqueadores de anúncios em todo o mundo equivale à população do Brasil. Embora esse número represente somente uma pequena porcentagem (6%) da população da internet em todo o mundo, estima-se que os bloqueios de anúncios custaram mais de 19 bilhões de euros em 2015, o que representa 14% dos investimentos mundiais em publicidade.

Este é um dos problemas com maiores consequências já enfrentados pelos setores de publicidade e editoração, e já está há muito tempo em atraso. Sem dúvida há uma oportunidade para o setor se unir, e não haverá um mundo sem publicidade se os publicitários adotarem as medidas corretas.

Com tanto em jogo, é fácil perceber por que alguns tentaram desenvolver soluções tecnológicas que ignoraram justamente os problemas básicos que suscitaram o surgimento dos bloqueadores de anúncios. Os participantes mais inteligentes, no entanto, estão revendo radicalmente a maneira como as marcas alcançarão, envolverão e persuadirão os consumidores futuramente, e como os criadores de conteúdo reconectarão o usuário à experiência da publicidade de uma forma simples.

Em vez de tentar adaptar a experiência da publicidade, que domina há séculos, a dispositivos que cabem no bolso, as marcas e os criadores de conteúdo devem mudar suas estratégias para adotar o envolvimento movido pelo valor, que entenda e atenda às necessidades individuais dos consumidores, ao mesmo tempo respeitando suas experiências de conteúdo, que agora estão sofrendo mudanças fundamentais, em tempo real.

Os consumidores desejam publicidade que respeite a experiência do usuário, de uma maneira que agregue valor à experiência geral do conteúdo. Resumindo, os usuários esperam uma experiência de publicidade melhor, que seja menos invasiva e mais relevante para suas vidas diárias.

Esta é a oportunidade que está diante do setor publicitário brasileiro e das comunidades de editoração e desenvolvimento de aplicativos em todo o mundo: trazer a publicidade para o século 21, dando poder ao usuário com maior controle sobre seu envolvimento com as marcas e, ao mesmo tempo, desenvolvendo uma experiência simples e convidativa.

Um bloqueador de anúncios que rouba o sangue vital de uma internet verdadeiramente livre, e que ao mesmo tempo cobra uma taxa das principais editoras para permitir que os anúncios sejam apresentados sem o consentimento ou o controle do usuário, não é a solução.

Colocando de uma forma simples, a frustração atual dos consumidores conectados com a publicidade digital não é um problema que pode ser resolvido com um bloqueador de anúncios. Esta é uma oportunidade que deve ser aproveitada; os usuários esperam alguma forma de troca de valores para o conteúdo incrível que eles têm nas pontas dos dedos. O próximo passo pertence aos publicitários, criadores de conteúdo e aos líderes de tecnologias publicitárias no Brasil, que devem se unir para apresentar uma experiência de publicidade melhor para aos consumidores. A alternativa? Continuar fazendo o que vêm fazendo há anos e assistir o setor de publicidade digital ceder seu importante papel, de fomentar o crescimento do incrível universo de conteúdos e de expressões livres, que apoia atualmente.

Gregory R. Raifman, membro fundador da diretoria do Trustworthy Accountability Group e presidente da Rubicon Project, empresa no setor de tecnologia da publicidade.

Twitter @gregraifman