Numa época em que branding não era um conceito tão popularizado e muito menos associado ao trabalho de design, a Redondo Design + Estratégia, fundada em 2001 por Cristiana Nogueira e Jaqueline Fernandes no Rio de Janeiro, já buscava agregar aos seus trabalhos um olhar mais estratégico. As duas profissionais, diretoras de criação e com formação primordial em design, já haviam trabalhado juntas na Ana Couto Design. Em 2007, mais uma sócia entrou para a operação, como diretora de marketing: Bárbara Pinheiro, especializada em gestão de qualidade. E, há cerca de um ano, chegou a quarta sócia: Andrea Janér, que iniciou sua carreira há quase duas décadas como consultora de branding na Addison, em São Francisco, na Califórnia.
“Sempre trabalhamos projetos maiores para os clientes. Nome, marca, materiais de comunicação, internet, entre outros. Tivemos um crescimento sólido e temos clientes que ficam conosco durante muito tempo. E não falamos em branding, mas sim em estratégia mais design. Ainda que os projetos não sejam tão abrangentes, sempre há um olhar estratégico e uma obsessão pelos detalhes”, explica Andrea.
O grupo de quatro mulheres ocupa um charmoso escritório em uma vila na Gávea, bairro da zona sul do Rio de Janeiro, e tem entre seus clientes Ipiranga, Vale, Patrimóvel, Energy, Gouvêa Vieira Advogados, Terrana, STK Capital, entre outros. A empresa comemora a conquista recente do prêmio Rebrand 100 Global Awards, que escolhe anualmente os melhores cases de reposicionamento de marca do mundo, com um trabalho de rebranding da Bravante, antiga Brasbunker, cliente que está com a Redondo desde a sua fundação. Este ano, o júri formado por profissionais de branding e design de diferentes partes do mundo elegeu vencedores de 33 países. A Redondo foi premiada junto a empresas como Starbucks, HP, Kellogg’s, Unilever e HSBC.
Em relação ao case vencedor, a Bravante começou a atuar no mercado há 50 anos – como Brasbunker – com transporte de bunker, e, em 2010, ganhou um novo sócio, o BTG Pactual. Com atuação em diversos segmentos como apoio marítimo, apoio portuário, robótica submarina, proteção ambiental e reparo e construção naval, precisava de uma nova marca. Todo o trabalho levou um ano até a sua implementação. “Precisávamos de uma marca que refletisse o crescimento e que posicionasse a Bravante no cenário global de óleo e gás como uma empresa brasileira, sólida e dinâmica”, conta Jaqueline.
O rebranding, por sinal, é uma das “especialidades da casa”, e um dos motivos é a experiência em branding e estratégia. Outra empresa que procurou a Redondo para mudar seu nome e se reposicionar no mercado foi a Primordia Medicina Reprodutiva (ex- Huntington). A empresa também revitalizou a marca Patrimóvel, há cerca de um ano.
Entre as técnicas usadas em processos como esse, uma das principais é o chamado “Brand Suicide”: reunir todos os materiais gráficos de diferentes áreas da empresa, em geral sem qualquer unidade de conceito ou cara, para finalmente livrar-se deles. “Quanto maior a empresa, maior a chance de haver falta de unidade de marca”, conta Andrea.
Segundo a executiva, a Starbucks costuma ser uma inspiração. “É um exemplo de marca que pratica o que está em seu discurso. Compraram uma fazenda na Costa Rica, onde farão uma universidade do café, para estimular novas maneiras de cultivá-lo com respeito ao trabalhador e cuidado com o meio ambiente. Este é o verdadeiro branding. Por sinal, a marca fez seu rebranding, tirando o nome Coffee, que não refletia mais tudo o que ela faz”, comenta.
A Redondo mantém parceria com o escritório de design americano Kraido, de São Francisco, com quem vem realizando alguns projetos para marcas como a Ipiranga, por exemplo. Outra parceira é a Principle, empresa de implementação de marcas e identidade corporativa baseada no Reino Unido. Entre seus jobs está, por exemplo, padronizar todas as agências do HSBC ou da BMW, marcas que estão entre seus clientes globais. Trabalhos em parceria para marcas como Accenture e ArcelorMittal já foram realizados juntos e o próximo job é para as marcas Jaguar (que passa a dividir as concessionárias com a Land Rover) e BMW.
Outra área que cresceu dentro da empresa foi a cultural. A Redondo atende, por exemplo, o Monobloco – que está refazendo o visual de seu site – e a banda Pedro Luís e a Parede, e costuma criar projetos principalmente de peças de teatro para atores como Louise Cardoso, Bruce Gomlevsky e Marcelo Serrado, entre outros.
