“Rebeldes com causa” é o primeiro grande projeto social do grupo Reserva, coordenado pelo seu novo diretor de sustentabilidade, Luís Roberto Pires Ferreira, o Beto. A marca nasceu há cerca de oito anos das mãos de dois “outsiders” em moda: os jovens Rony Meisler, engenheiro de formação, e Fernando Sigal, que buscavam, mais recentemente, tornar seus investimentos em sustentabilidade mais sólidos e de longo prazo.
Para isso trouxeram Beto, que trabalhou como diretor de sustentabilidade do Grupo ABC entre 2005 e 2012, foi gerente de marketing da Fundação Roberto Marinho (2000 a 2003) e, durante cinco anos, gestor da área de Responsabilidade Social da TV Globo. Hoje ele é também diretor-executivo da Plataforma Latinoamericana de Política de Drogas (PLPD) e fundador e CEO da Corporate Sustainability Solutions, se dividindo entre diversos projetos.
Beto sugeriu um projeto de estímulo ao empreendedor jovem. Tornou-se diretor de sustentabilidade da marca e começou a trabalhar no projeto “Reserva Rebeldes sem causa”, que a cada dois anos escolherá um grupo de empreendedores sociais jovens para ajudar. De início, são 11 empreendedores que a empresa apoiará. Um deles, apenas para dar um exemplo, Henrique Saraiva, perdeu os movimentos da cintura para baixo ao ser baleado em um assalto e, em 2007, criou o AdaptSurf, focado em acessibilidade na praia, surfe adaptado e preservação do meio ambiente. Outro é o jornalista Eduardo Lyra, autor do livro “Jovens Falcões”, que conta histórias reais de jovens que deixaram a pobreza e alcançaram um lugar de destaque na sociedade. O papel da Reserva é equipar esses projetos para crescerem, sem ser assistencialista. Isso torna o projeto, como diz Beto, de “longuíssimo prazo”, embora o envolvimento da Reserva esteja reduzido ao prazo de cerca de um ano.
“Rebeldes” é, também, um projeto de voluntariado interno no Grupo Reserva. Os funcionários podem participar durante seu horário de trabalho, e já são 150 voluntários. A identidade dos “Rebeldes” pode ser vista em vitrines de lojas, nas embalagens da marca, na revista da Reserva, nas redes sociais. A produtora interna da Reserva criou minidocumentários para cada um dos 11 “Rebeldes”, que estão sendo lançados como websérie. No site www.rebeldescomcausa.com.br estão todas as histórias contadas com riqueza de detalhes.
Para dar mais consistência às ações da Reserva, Beto estabeleceu parcerias estratégicas entre o grupo e a Brazil Foundation e a WWF. “Em vez de gastar dinheiro para um modelo usar minha roupa, invisto para ajudar a transformar um pouco o mundo e vou provar que ao fazer isso posso vender muito mais”, diz Meisler. “Oportunismo? Que todos sejam oportunistas assim. A moda pode mais do que fazer roupas bonitas, pode transformar a sociedade. Queremos ser uma liderança no pensamento de sustentabilidade da cadeia têxtil”, ressalta o executivo, que acaba de receber o prêmio de Gentleman of the Year promovido pelo Fashion 4 Development, que tem à frente a embaixadora da ONU Evie Evangelou e Franca Sozzani, editora-chefe da Vogue Itália e vice-presidente da Condè Nast Italia.
Outro projeto consistente da Reserva é com o AfroReggae, projeto criado por José Junior. “O José Junior me levou para Bangu 1
e depois para Vigário Geral. Após isso, resolvi ajudar o grupo e tive a ideia de criar um selo social licenciável, o AR, inspirado no RED, do Bono Vox, vocalista do U2. E a Reserva seria a primeira empresa a licenciar”, conta Meisler. Depois da Reserva, licenciaram o selo: Natura, Red Bull, C&A e Malwee. De seis em seis meses a empresa lança uma nova coleção AR, onde 100% dos lucros vão para o projeto.
Meisler diz que a missão da Reserva, desde o início, é “ser um amigo, e não uma marca”. Desse posicionamento nasceu a vocação para a sustentabilidade num conceito mais amplo, que vai além da preocupação com o meio ambiente, passa pelo cuidado com as pessoas (hoje são 700 funcionários) e o olhar para as questões sociais no país.
A marca também apoia o instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias, do apresentador Luciano Huck, também por meio de merchandising nas lojas e reversão de 100% dos lucros para o projeto.