Gláucia Montanha, head de digital business e mídia da Artplan e head da Convert, afirma que o momento é de transformação acelerada e os últimos 16 meses tiraram todos da zona de conforto, embora a mudança já se anunciava e arremessou todos para um lugar que o mercado iria chegar apenas daqui cinco anos. Ainda assim, segundo ela, o setor reagiu rápido, apesar do “susto, impacto, mudança, transformação, resultado e mais transformação”. Para ela, o mais importante é todos entenderem que ainda existem dúvidas e incertezas, mas, por sorte, se tem o poder de aprender e se adaptar na mesma proporção.
Segundo Gláucia, a primeira mudança que ela viu é que todo mundo aprende a viver em beta, não existe mais modelo fechado que se encerra na famosa frase: “nosso modelo, manual, prática é…”. “A frase agora é vamos tentar, vamos evoluir, vou entender”. E isso mostra “um presente e um futuro abertos, flexíveis e o mais importante em estado de empatia permanente, entendendo a dor do outro e se colocando como um facilitador para caminho, respostas e soluções”.
Ela define o momento como se vivesse em uma fase de higienização dos dados, pois existe muita informação disponível e acessível, e o maior erro que se pode cometer, na visão dela, é querer começar a clusterizar e colocar todos em “caixinhas”. “Precisamos aprender e ler os sinais que a audiência deixa e entender que não se pode mais tomar decisões em banco de dados, de seis meses ou um ano atrás. O momento é presente, e o desafio está em organizar os dados com uma recorrência menor e de fácil resposta. Ainda noto muitas pessoas afundadas em leituras de dados e pouco tempo para conclusão e geração de insights e hipóteses, tratamos dashboard como um diferencial de entrega, e deveríamos investir o tempo em mais conversas evolutivas”, analisa.
Para ela, um mídia deve ser em primeiro lugar um especialista em sinais e business e como diferencial um apaixonado por tecnologia. “Não me imagino mais atuando sem essas três combinações. Logo, não existe uma formação específica para isso, existem diversas disciplinas que vão compor esse profissional ao longo do tempo”, dispara. Segundo ela, essa combinação fará o mídia do presente e é necessário parar de achar que o profissional precisa entender de meios, “porque isso limita a atuação e gera abordagens, conversas e soluções rasas”. “Então, o que posso dizer é que esteja pronto para uma jornada de conhecimento e não mais apenas uma formação”.
Sobre o status que ganhou o mídia nos últimos tempos dentro da agência e do cliente, ela fala que tem discutido muito e não pensa em ser destaque. Ela acredita que é preciso entender de sinais e abordagem de jornada, pois isso pode elevar a discussão e coloca o profissional como um estrategista de negócio e conversa. “Sem dúvida nenhuma, isso vem repleto de muito trabalho, antes não tínhamos tantas informações e formas diferentes de abordagem. Reter a atenção da audiência nunca foi tão desafiador, tínhamos maior simplicidade e hoje isso não serve mais porque não funciona”, comenta.
Para Gláucia, a expectativa do cliente é que se apresente um pensamento estratégico de jornada e pontos de contato, e isso se torna o core de qualquer conversa, porque ao apresentar esse pensamento todas as outras entregas vêm a seguir. “Precisamos primeiro saber com quem queremos falar, qual momento e mensagem correta para cada ponto, e depois todas as demais entregas serão encaixadas a partir do consumidor e dos sinais e não mais uma abordagem de custo do que o cliente gostou e aprovou”.
Ela destaca ainda que a busca pela atenção do consumidor, construção de marca e conversão é a meta de todos. “O desafio está em encontrar a melhor solução de negócio para cada marca versus a audiência, buscamos projetos que movam e isso não é mais um desejo específico de uma marca, é um desejo comum entre o mercado e clientes.