Já bem antes da pandemia, discutia-se o estresse provocado por um mundo em constante e avassaladora mutação. Com o tsunami de informações invadindo nossas vidas em tempo real e, junto com elas, ideias disruptivas que nos fazem questionar o status quo diariamente, veio a incerteza e a ansiedade de quem se sente sempre atrasado, em relação à velocidade da inovação.

Pesquisas mostravam profissionais à beira de ataques de nervos, frente aos desafios por atualização e reciclagem constantes. De fato, tudo isso não é novo. A onipresença da internet e das ferramentas digitais potencializa esse sentimento de F.O.M.O. (Fear of Missing Out – Medo de Perder Algo).

Era preciso desapego ao conforto do conhecido e continuamente questionar a forma de tocar negócios. E achar tempo para acompanhar tudo, o tempo todo. Empresas nascidas já com um mindset diferente começaram a trazer soluções surpreendentes: oferecer hospedagem sem ter um só quarto de hotel; oferecer transporte sem ter veículos… Startups brotando aqui e ali, dispostas a curar todas as dores do mercado.

Como acompanhar esse ritmo frenético? Perguntavam-se os gestores de negócios… Não bastasse esse estresse todo, mais recentemente presenciamos uma guinada internacional para a irracionalidade conservadora, representada por governantes que provocaram um retrocesso na busca por um mundo mais igualitário e sensível à inclusão e ao respeito pela responsabilidade social e ambiental.

E aí veio a pandemia. Já sob intensa crise econômica, fomos assolados por um cataclismo bíblico, que fez o mundo parar. Mais do que provocar uma crise sem precedentes, a pandemia trouxe também o sofrido isolamento, a necessidade do distanciamento social. Não teríamos mais o burburinho dos escritórios, das interações pelos corredores, das reuniões presenciais constantes… Agora, uma tela nos separa disso tudo. Em vez do escritório, a solidão do home office. É claro que para muitos home office não significa necessariamente solidão. Ao contrário, não é incomum participar de reuniões virtuais com criança no colo ou animais domésticos exigindo sua atenção. Mas a solidão desses tempos de distanciamento social é um aspecto importante para a saúde mental das pessoas. De acordo com recente estudo da prestigiosa Kaiser Family Foundation, 4 entre 10 adultos apresentam algum tipo de desordem mental, depressão ou ansiedade decorrente da pandemia.

Era apenas 1 em 10, antes da Covid-19. E a solidão é citada como o principal problema. Numa recente pesquisa, realizada pela Ampro, após um ano de home office no Brasil, os números são mais positivos do que negativos, mostrando que o home office agradou a maioria dos patrões e empregados. Mas o aspecto da saúde mental apareceu como uma preocupação importante dos gestores de pessoas.

Para alguns, o home office significa mais tempo com a família, almoço em casa, livrar-se do trânsito do circuito casa-trabalho. Já para outros significa não ter horários regrados para trabalhar, espaço inadequado, reuniões e calls encavaladas, interferência de filhos e, principalmente, a falta de momentos presenciais com colegas para trocar ideias e compartilhar problemas. Some-se a isso as privações impostas também no campo pessoal, impedindo as pessoas de extravasarem e de consumirem entretenimento…

A conclusão disso tudo é: precisamos falar e cuidar da saúde mental. Sem qualquer conhecimento médico, compartilho algumas dicas do que tem feito bem para mim.

1- Prepare e cuide bem do seu canto de trabalho. Não é porque você está em casa que pode deixar tudo bagunçado;

2- Pare uma hora do dia para cuidar de você. Eu tenho feito ginástica diariamente, antes do almoço;

3- Organize seu dia. Estabeleça prioridades e cumpra uma rotina semelhante à do trabalho presencial;

4- Relaxe. Curta seu momento de refeições. Aprenda a meditar… Tudo isso vai passar! Até lá, cuide-se bem e respeite os protocolos de prevenção.

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) (alexis@ampro.com.br)